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Moody's alerta sobre fraqueza estrutural da Argentina

Comunicado destacou grande dependência do país em relação aos fluxos de capital para financiar o déficit fiscal e o déficit externo em conta corrente

Argentina: maiores taxas de juros gerarão pressão sobre o crescimento econômico, indica Moody's (Clive Rose/Getty Images)
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EFE

Publicado em 14 de maio de 2018 às 18h32.

Buenos Aires - A agência de classificação de risco Moody's afirmou nesta segunda-feira que a "turbulência" das taxas de juros e do câmbio colocaram em evidência as "debilidades estruturais" da Argentina e ressaltou que, embora as medidas do governo visem salvar a economia, elas provavelmente terão pressão negativa sobre o crescimento do país.

O analista sênior da Moody's para a Argentina, Gabriel Torres, disse em comunicado que a desvalorização do peso é "negativa" pela grande dependência do país dos fluxos de capital para financiar o déficit fiscal e o déficit externo em conta corrente.

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"Até agora, a resposta foi aumentar fortemente as taxas de juros, reduzir os investimentos públicos de 2018 e iniciar negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter uma linha de crédito flexível", lembrou a agência de classificação de risco.

Torres avalia que as medidas "pró-ativas" do presidente do país, Mauricio Macri, buscam "impedir que a turbulência financeira afete a economia real, embora provavelmente exerçam uma pressão negativa no crescimento econômico deste ano".

"A turbulência das taxas de juros e de câmbio colocaram em evidência das debilidades estruturais da Argentina: alta inflação, uma forte dependência dos fluxos de investimentos e um pequeno mercado financeiro e de crédito local", destacou a Moody's.

Por esses motivos, os devedores argentinos enfrentarão maiores custos de financiamento, segundo a agência. Alguns deles serão inclusive impedidos de ter acesso a crédito no país.

A desvalorização do peso, que caiu mais de 27% em relação ao dólar desde janeiro, também afetará, segundo a Moody's, a rentabilidade dos devedores que recebem principalmente na moeda local, mas lidam com custos na divisa americana.

A queda também exercerá pressão sobre os resultados operacionais dos governos provinciais.

"O peso iniciou uma significativa desvalorização no fim do ano passado depois de o Banco Central ter relaxado as metas de inflação, o que elevou o risco-país e exigiu a intervenção do Banco Central para respaldar o peso", ressaltou o analista.

Para a Moody's, as maiores taxas de juros gerarão pressão sobre o crescimento econômico, que pode diminuir com a ajuda da linha de crédito negociada com o FMI, que pode ser de US$ 30 bilhões.

A economia em geral também será afetada pelas maiores taxas, sobretudo o custo da dívida exposta a taxas variáveis, o que inclui os bancos. Segundo a Moody's, a taxa de inadimplência aumentará e reduzirá as margens de lucro das instituições financeiras.

"A alta inflação também seguirá afetando as decisões estratégicas de muitas empresas, o que aumentará os custos trabalhistas e outros custos operacionais, diminuindo o valor real dos ativos", concluiu a agência de classificação de riscos.

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