Economia

Sob pressão, Montezano tentará explicar auditoria no BNDES

Presidente do BNDES deve dar uma entrevista para tentar explicar auditoria de R$ 48 milhões que não encontrou suposta "caixa-preta"

Gustavo Montezano: meta de desinvestimento de quase 40 bilhões de reais para 2020 (Adriano Machado/Reuters)

Gustavo Montezano: meta de desinvestimento de quase 40 bilhões de reais para 2020 (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 06h49.

Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 09h28.

O governo tenta nesta quarta-feira dar uma nova mostra de compromisso com as contas públicas e com a boa gestão.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, deve dar uma entrevista hoje para tentar explicar um contrato de auditoria de 48 milhões de reais para levantar supostas irregularidades em empréstimos em governo anteriores.

Após mais de um ano de trabalho, e de um aditivo de contrato por Montezano, a auditoria não encontrou indícios da suposta “caixa-preta” que o presidente Jair Bolsonaro dizia existir dentro do banco de fomento. Ontem, Bolsonaro afirmou que “tem coisa esquisita” no reajuste da auditoria e que Montezano deve expor “logo o negócio”.

O episódio aumenta a pressão em torno de Montezano, que tem um plano de desinvestimentos para o ano de quase 40 bilhões de reais, mas vem encontrando dificuldades internas e de articulação política externa.

No fim de 2019 EXAME revelou que o executivo rompeu com seu padrinho político, o secretário de privatizações, Salim Mattar.

A pressão de Bolsonaro pode revelar uma mudança de postura do governo, de tentar se distanciar de casos de má gestão pública e de suspeita de ilícitos.

Em 2019, vale lembrar, o governo manteve no cargo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, suspeito de comandar um esquema de uso de laranjas em eleições. Semana passada, o presidente segurou o chefe da secretaria de comunicação, Fabio Wajngarten, apesar de suspeitas de uso do cargo para favorecer seus negócios privados.

Mas, ontem, Bolsonaro demitiu o secretário-executivo da Casa Civil, José Vicente Santini, por ter usado um avião da Força Aérea Brasileira para viajar à Europa e à Índia, num voo que pode ter custado mais de 700 mil reais.”O que ele fez não é ilegal, mas é completamente imoral”, afirmou Bolsonaro.

Ainda ontem, o governo demitiu o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Renato Vieira, em meio a uma crise de filas no instituto.

Mais de 1,3 milhão de análises de benefícios estão sem análise há mais de 45 dias, o prazo legal para uma resposta. Ao todo, são mais de 1,9 milhão de processos acumulados, impulsionados pela reforma da Previdência aprovada ano passado.

Outro caso de flagrante incompetência, os erros na correção das provas do Enem, o exame nacional do ensino médio, ainda não provocou uma reação mais incisiva de Bolsonaro.

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