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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h36.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, pediu aos empresários que mantenham seus investimentos, apesar da crise política que paralisa o governo desde meados de maio. "Aqueles que acreditarem que este é um momento de recuo [de investimentos] vão perder espaço para os que não pensam assim", afirmou Furlan, durante almoço na Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).
Repetindo o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Furlan disse que os resultados positivos apresentados pela economia, como o superávit comercial e a geração de empregos, mostram que os fundamentos não foram afetados pelas turbulências políticas. A mesma avaliação, segundo o ministro, é feita pelos analistas e investidores institucionais. "Quem olha o Brasil de fora está bastante tranqüilo", disse. "Não tenho dúvidas de que o país encontrará os caminhos institucionais e democráticos para superar essa situação."
Impeachment
Os empresários presentes ao almoço reconhecem a gravidade da crise política que já despertou, inclusive, discussões sobre o eventual impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O Brasil passa por uma das crises mais graves de sua história republicana", disse o presidente da Fecomercio, Abram Szajman.
Para empresários, a economia é a principal fiadora de Lula contra um processo de cassação de seu mandato. "Não haverá impeachment em hipótese alguma. Isso está totalmente descartado", afirmou Márcio Cypriano, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Para Cypriano, "a economia vai contaminar positivamente a parte política".
Cláudio Vaz, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), concorda. "Não vejo nenhuma evidência, até o momento, para abrir um processo de impeachment.". Segundo Vaz, a crise política, por enquanto, não se transformou em crise institucional e até a oposição está cautelosa sobre cassar o mandato de Lula.
Proposta
Nas palavras do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda faltam "a prova cabal, maioria no Congresso e chancela da sociedade" para a discussão de um impeachment ser levada a sério. "Eu não vejo nenhum desses requisitos satisfeitos até agora", disse Calheiros, depois de seminário em São Paulo nesta segunda-feira. A ausência desses fatores ditos fundamentais não deve, entretanto, retardar uma discussão sobre o presidente no Congresso Nacional: a redução do poder de legislar do Executivo através das medidas provisórias (MPs).
Calheiros tenta acelerar a tramitação de um projeto de emenda constitucional que propôs para proibir a edição pelo executivo de MP sobre temas que afetem os contratos em vigor. "É preciso assegurar uma blindagem dos contratos", diz.