Economia

Ministério da Economia responsabiliza Congresso por calote em Banco dos Brics

Em nota, a Economia disse que o pagamento só pode ser feito com dotação autorizada pelo Congresso

Brics: Ministério da Economia jogou a responsabilidade sobre o Congresso Nacional (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Brics: Ministério da Economia jogou a responsabilidade sobre o Congresso Nacional (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 21h21.

Após o governo brasileiro dar o calote no aporte previsto no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição financeira criada pelos cinco países do grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Ministério da Economia jogou a responsabilidade sobre o Congresso Nacional, que vetou os recursos necessários para o pagamento e utilizou a verba para obras de interesse do governo e emendas parlamentares.

Em nota, a Economia disse que o pagamento só pode ser feito com dotação autorizada pelo Congresso e listou, de forma detalhada, as providências tomadas pela pasta para prever os recursos necessários no Orçamento, assim como todas as vezes que esses esforços foram derrotados no Congresso.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o governo brasileiro não honrou o pagamento da penúltima parcela de US$ 292 milhões para o aporte de capital no Banco dos BRICS. O prazo para a quitação da parcela terminou no dia 3, e o Brasil agora está inadimplente com o banco que ajudou a fundar e do qual é um dos acionistas. Por determinação contratual, a instituição terá de comunicar o ocorrido às agências de classificação de risco, detentores de títulos e parceiros internacionais, afetando a imagem do Brasil no exterior.

O acordo entre o Brasil e o NDB, aprovado pelo Senado em 2015, prevê o pagamento da subscrição em sete parcelas, sendo que as duas últimas (de US$ 350 milhões cada) ainda estavam pendentes no início de 2020.

Segundo a Economia, a pasta submeteu à Junta de Execução Orçamentária, formada pelos ministros da Economia e da Casa Civil, uma proposta para realocar recursos do seu próprio Orçamento para destinar recursos ao pagamento das obrigações com organismos internacionais, incluindo a quitação da 6ª parcela junto ao NDB. Aprovada, a proposta se converteu em projeto de lei (PLN 43) enviado ao Congresso em 15 de outubro, contendo R$ 310,7 milhões para o NDB.

Em setembro e outubro, a Economia levou à JEO nova proposta para suplementar em R$ 1,235 bilhão as dotações para organismos internacionais e integralização de cotas, incluindo o restante do valor necessário ao NDB. Esse projeto também foi enviado em 15 de outubro (PN 40).

O PLN 43 foi aprovado com as dotações previstas para o Banco dos BRICS, mas o PLN 40 foi modificado pelos parlamentares, que redirecionaram os recursos para obras e emendas, como revelou o Broadcast em novembro.

Na nota, a Economia cita ainda um novo esforço, em novembro, de usar um PLN ainda em tramitação no Legislativo para mais uma vez complementar os recursos que faltavam para pagar a parcela devida ao NDB. Foi enviado um ofício ao presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e ao presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), prevendo R$ 1,496 bilhão para quitar a 6ª parcela, pagar outros compromissos com compromissos internacionais e atender a necessidades de INSS e Receita Federal.

"Mais uma vez, a solicitação feita não foi acatada pelo Congresso Nacional e os recursos foram remanejados pelo Parlamento para suplementar programações em outros ministérios", cita a Economia.

"O pagamento ao NDB, da forma como está desenhado, somente pode ser feito com dotação orçamentária autorizada pelo Congresso Nacional e esta não foi obtida, em que pese as solicitações aprovadas pela JEO e encaminhadas ao Congresso Nacional, ao longo de 2020. Nesse sentido, o Ministério da Economia não pôde fazer o pagamento da parte remanescente da 6ª parcela devida ao NDB", diz a pasta.

Acompanhe tudo sobre:BancosBricsCongressoGoverno BolsonaroMinistério da Economia

Mais de Economia

Governo sobe previsão de déficit de 2024 para R$ 28,8 bi, com gastos de INSS e BPC acima do previsto

Lula afirma ter interesse em conversar com China sobre projeto Novas Rotas da Seda

Lula diz que ainda vai decidir nome de sucessor de Campos Neto para o BC

Banco Central aprimora regras de segurança do Pix; veja o que muda

Mais na Exame