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Milho do PR tem pior condição do que em 2015/16, quando safra quebrou

Perdas ainda maiores no segundo maior produtor brasileiro poderiam dar um impulso adicional aos preços do milho, que estão firmes no mercado interno

Milho: 16 por cento das lavouras no Estado estão em condições ruins até agora neste ano (VCG/Getty Images)
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Reuters

Publicado em 15 de maio de 2018 às 20h48.

São Paulo - Em meio a uma forte seca, o Paraná dará início à colheita da segunda safra de milho 2017/18 nos próximos dias em um cenário pior do que o observado às vésperas da "safrinha" 2015/16, quando outra estiagem também provocou quebra de produção no Estado.

Perdas ainda maiores no segundo maior produtor brasileiro poderiam dar um impulso adicional aos preços do milho, que estão firmes no mercado interno em razão dos receios envolvendo a colheita deste ano em todo o Brasil.

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Conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, 16 por cento das lavouras de milho no Estado estão em condições ruins até agora neste ano, contra 3 por cento em igual momento de 2016. Já o percentual de milho em boa condição estava em 75 por cento naquele ano, ante 40 por cento atualmente.

"Hoje a seca é geral. As duas grandes regiões produtoras, a oeste e a norte, estão sofrendo de forma muito igual... A safra está em um cenário pior que a de 2016", afirmou à Reuters o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio.

Naquele ano, o Paraná colheu cerca de 5 toneladas por hectare, queda de 13 por cento ante a temporada anterior, segundo dados do Ministério da Agricultura.

"O reflexo dessa estiagem na produção ainda não é possível de ser determinado, mas está pior, sim", acrescentou Gervásio, lembrando que geadas também impactaram a safra de dois anos atrás.

A situação também é grave porque, após o atraso no plantio, parte significativa das plantações paranaenses está em estágios de desenvolvimento que demandam maior umidade (floração e frutificação), ao passo que em igual período de 2015/16 o milho no Estado estava em uma fase mais avançada de maturação e, portanto, menos suscetível a perdas por seca.

"É um risco adicional. Como a gente tem uma boa parcela em fases que precisam de mais recursos, basicamente água, o impacto tende a ser maior do que se estivesse na germinação ou na maturação", destacou Gervásio.

Nos últimos 60 dias, as chuvas no oeste e no norte do Paraná ficaram até 155 milímetros abaixo da média, conforme o Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard.

Pela estimativa mais recente do Deral, de abril, o Paraná reduziu a área plantada e deve colher 12,24 milhões de toneladas de milho "safrinha" neste ano, 8 por cento abaixo de 2016/17, quando as condições climáticas foram praticamente perfeitas.

O volume ainda supera os cerca de 10 milhões de toneladas de 2015/16, mas Gervásio alertou que as próximas revisões do Deral devem ser para baixo.

"É seguro dizer que será bem menor que esses 12 milhões de toneladas", comentou ele.

Chuva à vista

As precipitações devem retornar ao Paraná ainda nesta semana e acumular mais de 100 milímetros em partes da região oeste até o fim de maio, de acordo com a previsão do Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard.

São chuvas que farão o Estado retornar para perto da média histórica de precipitações, mas que precisarão se confirmar para ao menos limitar as perdas de produção já consumadas para o milho "safrinha", disse Gervásio.

As preocupações com a seca e a própria previsão de uma safra menor neste ano em todo o Brasil vêm sustentando os preços internos da commodity.

Só em 2018, o milho acumula alta de cerca de 25 por cento, sendo cotado acima de 40 reais por saca, em um movimento que tende a pesar sobre as indústrias de carnes, grandes consumidoras de rações feitas a partir do cereal.

Mas não só os produtores de milho depositam suas fichas nas chuvas dos próximos dias: os de trigo também.

Com pouca água nas últimas semanas, o plantio do trigo no Paraná, principal produtor nacional, vinha avançando lentamente, no menor ritmo em ao menos dez anos.

"Mas em mais uma semana isso deve se resolver, até porque para a maior parte dos municípios está se fechando a janela (de semeadura)", afirmou Carlos Hugo Godinho, agrônomo do Deral, comentando que as precipitações esperadas devem proporcionar o avanço da semeadura, finalmente.

Em torno de 35 por cento da área prevista com o cereal no Estado já foi plantada, contra 47 por cento há um ano, segundo o departamento.

O Deral prevê um salto de 48 por cento na produção de trigo deste ano, para 3,3 milhões de toneladas, ante 2,2 milhões em 2016/17, quando diversos problemas climáticos, incluindo uma forte geada no inverno, prejudicaram as lavouras.

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