Economia

Merrill Lynch espera crescimento de 5,3% para o Brasil em 2010

Apesar da aceleração da economia, analistas acreditam que a Selic poderá continuar em 8,75% ao longo do próximo ano

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2009 às 07h44.

Assim como foi em 2009, os países emergentes devem desempenhar um papel central na economia mundial também no próximo ano, pelo menos de acordo com analistas da Merrill Lynch. Relatório distribuído pelo banco de investimentos expõe um olhar otimista em relação a China e Índia, mas espera do Brasil a retomada mais acentuada do desenvolvimento econômico, com juros menores, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 5% e menores taxas de juros.

Depois de divulgados todos os indicadores e resultados referentes ao terceiro trimestre do ano, os analistas ficaram "ainda mais confiantes" com o país.Embora em 2010 o crescimento deva desacelerar para um ritmo de aproximadamente 1 % por trimestre, a expansão anual deve alcançar representativos 5,3%. Se a previsão se confirmar, os analistas dizem que o Brasil será a sexta economia que mais cresce no universo de cobertura da Merrill Lynch, atrás apenas de China (10,1%), Catar (8,1%), Índia (7,6%), Nigéria (5,5%) e Omã (5,4%).

Apesar da previsão de que o crescimento anual do PIB recue para 4,5% em 2011, pelo fato do Brasil ter se recuperado da recessão mais cedo e mais rapidamente do que a maioria dos países, no próximo biênio o ciclo virtuoso de formalização do mercado de trabalho e a maior penetração de crédito devem empurrar o crescimento da produtividade. Além disso, o crescimento da poupança interna e um saudável déficit em conta corrente de cerca de 3% do PIB deverão favorecer a aceleração dos investimentos.

Quanto à dívida externa brasileira, apesar de seu crescimento considerável nos últimos meses, os analistas afirmam que continuam considerando positivas as previsões de longo prazo.

Inflação
Depois de ter atingido picos de cerca de 6,5% em 2008, desde então a inflação ao consumidor tem registrado sucessivas quedas, chegando agora a 4%, o nível mais baixo desde 2007. Para os analistas da Merrill Lynch, essa situação deve se manter até pelo menos o segundo semestre de 2010. “Nossos modelos sugerem que a inflação irá cair consideravelmente abaixo de 4% no segundo trimestre de 2010, para só então se deslocar ligeiramente, fechando o ano pouco acima dos 4,2%”, diz o relatório do banco de investimentos.

Com uma inflação significativamente abaixo do ponto médio da meta e um crescimento desacelerando em direção a níveis equilibrados, os analistas não esperam um movimento de alta da taxa básica da economia no próximo ano. A tendência é que a Selic permaneça em torno dos 8,75%. O veredicto do Banco Central, embora ainda dependa da expectativa quanto às metas para a inflação, segundo os analistas, deve convergir “finalmente para menores taxas de juros”.
 


Câmbio
Como medida complementar ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) introduzido em outubro para taxar a entrada de investimentos estrangeiros, o governo taxou em 1,5% as novas emissões de certificados de depósito de ações de empresas brasileiras no mercado americano (ADRs). A negociação com ADRs, em vez de ações locais, estava sendo usada pelos investidores para evitar a tributação do IOF.

De acordo com os analistas da Merrill Lynch, a medida se deve ter pouco impacto sobre o câmbio, mas apoia a opinião de que o câmbio deve encontrar um piso em torno de 1,70 reais por dólar à medida que o mercado permanece focado nesse nível, aguardando novas medidas. "Esperamos um movimento de volta para 1,78 reais por dólar. Sob uma perspectiva de longo prazo, apesar das entradas de capital estrangeiro poderem diminuir, o comércio e os fluxos de investimentos estrangeiros diretos relacionados devem permanecer fortes, se comportando como uma âncora pra relação real-dólar."

No mundo
À medida que a economia mundial se recupera da crise, é esperado pelos analistas que a demanda externa dos países desenvolvidos, sobretudo os do G10, seja alterada, sendo um dos principais propulsores da continuidade do crescimento mundial. Aos poucos, as políticas de incentivo à economia devem ser retiradas, sobretudo nos países emergentes, a partir do segundo semestre. Para a Merrill Lynch, o amadurecimento trazido aos investidores com a recuperação deve posicionar o foco sobre a questão de um crescimento sustentável.

De modo geral, os países emergentes, dentre os quais se destacam os que compõem o Bric, além da China e do México, devem ser os protagonistas do crescimento econômico. A expectativa é de alta nos mercados, principalmente nos mais dependentes das exportações, graças à alta da demanda de países como a China e a Índia. É esperado um bom desempenho de exportadores como o México, a Coréia e a Rússia, além da região do Oriente Médio.

Por outro lado, para os analistas, a flexibilização monetária e fiscal, primeira linha de defesa logo depois do choque que culminou na crise, esgotou suas possibilidades. "Esperamos que os mercados emergentes, liderados por Índia e Coréia, comecem um ciclo de aperto econômico em 2010. Ao mesmo tempo, efeitos de uma segunda rodada de estímulo devem continuar sustentando a demanda doméstica como uma fonte de crescimento, particularmente na China", diz o relatório da Merrill Lynch.

Para os analistas, embora altamente provável, o cenário previsto para os países emergentes em 2010 tem certos pontos de risco que impediriam sua concretização. "Depois de um ano de volatilidade sem precedentes, claramente os riscos são muitos. Em especial, destacamos 1) a recusa da China para ajustar a cotação de sua moeda em relação ao dólar, situação que poderia levar a atritos comerciais significativos, bem como aumento das pressões inflacionárias na própria China; 2) uma nova queda na economia dos Estados Unidos, colocando a recuperação global em sério risco, em um momento em que os países operam suas políticas fiscal e monetária perto do limite; 3) aumento da tensão no sistema bancário global, reduzindo a extensão do crédito e do apetite pelo risco.
 


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