Angela Merkel, David Cameron (primeiro ministro inglês) e Jens Stoltenberg (primeiro ministro da Noruega) encontram-se com estudantes (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2012 às 06h37.
Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu nesta quinta-feira o reforço à união política europeia, uma proposta de longo prazo que frustra muitos de seus sócios, que pedem por soluções urgentes à crise da dívida, principalmente pelo momento delicado vivido pela Espanha.
Merkel, férrea partidária dos ajustes orçamentários, admitiu no entanto que o Pacto Fiscal não é a solução absoluta para reativar as economias europeias, em uma coletiva conjunta com o chefe do governo britânico, David Cameron.
"Precisamos de mais Europa (...), de uma união orçamentária (...), e necessitamos antes de mais nada de uma união política", disse Merkel em declarações televisivas.
A chanceler alemã também jogou água fria nas expectativas da reunião da União Europeia (UE) do final de junho em Bruxelas.
"Não há nenhuma reunião capaz de solucionar tudo de um só golpe", afirmou.
A Espanha, no olho do furacão, disse na quarta-feira que decidirá em quinze dias se pedirá ou não ajuda à Europa para recapitalizar seus bancos.
A pressão dos mercados voltou a se manifestar nesta quarta-feira, quando o Tesouro espanhol teve que oferecer rendimentos em alta, acima dos 6%, para financiar sua dívida com obrigações a dez anos. Os juros desses títulos chegaram a 6,044%, frente aos 5,743% da última emissão similar.
A Alemanha conseguiu, por sua vez, financiar-se a níveis historicamente baixos (de 1,357%, nos mercados da dívida desta quinta-feira pela manhã), por gozar da confiança dos investidores.
O receio ante Espanha se deve à fragilidade de seu setor bancário após o estouro da bolha imobiliária de 2008, que paralisou sua economia e que sumiu na desocupação de quase um quarto da população ativa.
A agência da classificação financeira Fitch reduziu nesta quinta-feira em três níveis a nota creditícia da Espanha, que caiu de "A" para "BBB", com perspectiva negativa, o que significa que Madri pode ver sua nota rebaixada novamente.
Entre as razões levantadas pela Fitch figura o "custo fiscal de uma reestruturação e uma recapitalização do setor bancário espanhol", estimado pela agência entre 60 a 100 bilhões de euros, e a recessão na qual está imersa a Espanha.
Já a agência de classificação financeira Standard and Poor's estima que os bancos espanhóis terão perdas acumuladas de 80 a 112 bilhões de euros até a 2013 e que tem cada vez menos possibilidade de escapar a um pedido de ajuda.
Merkel também reiterou seus alertas sobre um eventual afrouxamento aos programas de ajustes fiscais, apesar das críticas que isso desperta em seus sócios, que os veem cada vez mais como um fator de asfixia de suas economias.
"A consolidação orçamentária e o crescimento são as duas caras da mesma moeda", voltou a dizer a chanceler.
Contudo, tanto a chanceler alemã quanto o primeiro-ministro britânico, David Cameron, admitiram nesta quinta-feira que o pacto fiscal não é suficiente para resolver a crise na Eurozona, em discurso à imprensa ao término de um encontro entre ambos em Berlim.
"É uma condição necessária, mas não suficiente para pôr fim à crise da Zona Euro", afirmou a chefe do governo alemão.
Entre os complementos deste pacto fiscal, Cameron mencionou "elementos de uma união bancária". "Entendo por que os países da zona do euro querem examinar (o projeto) de uma união bancária", afirmou.
A Grã-Bretanha, que não é membro da zona do euro, também é um dos dois países da União Europeia, junto com a República Tcheca, que se negou a assinar o pacto fiscal que pretende impor um controle dos déficits públicos.