Economia

Merkel prepara-se para semana de difíceis negociações

A chanceler alemã se reunirá nesta semana com o presidente da França e com o premiê da Grécia


	Merkel: a opinião pública na Alemanha se posiciona majoritariamente contra novas ajudas à Grécia
 (Johannes Eisele/AFP)

Merkel: a opinião pública na Alemanha se posiciona majoritariamente contra novas ajudas à Grécia (Johannes Eisele/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2012 às 10h06.

Berlim - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, prepara-se para uma semana considerada chave para o futuro do euro, na qual se reunirá com o presidente da França, François Hollande, e com o primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras.

O começo das reuniões será protagonizado hoje pelo ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, que recebe o chanceler grego, Dimitris Avramopoulos, para preparar a visita de Samaras a Berlim.

A situação da Grécia continua dramática e, segundo informações da revista alemã "Der Spiegel", suas necessidades orçamentárias para os próximos dois anos estão cerca de 2,5 bilhões de euros acima do orçado inicialmente.

As necessidades financeiras da Grécia eram estimadas até agora em 11,5 bilhões de euros para os próximos dois anos, mas de acordo com a "Der Spiegel", elas na realidade poderiam chegar a 14 bilhões. Essa situação avivou a discussão sobre um possível terceiro pacote de ajuda à Grécia, algo que o governo alemão não quer.

Ainda que Merkel, após seus encontros com Hollande, na quinta-feira, e com Samaras, na sexta, mostre disposição em ceder neste ponto, é difícil que seja encontrada uma maioria em suas própria base parlamentar para uma nova ajuda à Grécia.

A opinião pública na Alemanha, que se reflete nos editoriais e em charges dos principais jornais, se posiciona majoritariamente contra novas ajudas à Grécia.

"Não mais dinheiro para a Grécia", diz hoje, por exemplo, o título de um artigo publicado no jornal "Bild", o mais lido do país, seguindo a mesma linha dos últimos meses.

Oficialmente, a viagem de Samaras a Berlim terá o status de uma tradicional visita de apresentação de um governante que recém ocupou o cargo, da mesma forma que a visita feita hoje por Avramopoulos a Westerwelle. No entanto, é claro que, na atual situação de crise, a reunião do primeiro-ministro grego com Merkel tem outro sentido.


Alguns esperam que Samaras examine a possibilidade de que a Alemanha ceda em sua resistência a um eventual terceiro pacote de ajuda. Outros acreditam que ele simplesmente tentará expor a Merkel seus planos de ajuste e, pelo menos, tentar convencê-la de que a Grécia está fazendo o dever de casa.

O governo alemão tentou hoje frear as expectativas geradas pela visita de Samaras. O secretário de Estado no Ministério das Finanças, Steffen Kampeter, afirmou que não se pode esperar que saia alguma decisão da reunião da sexta-feira.

Kampeter insistiu, além disso, que as decisões terão que ser tomadas em âmbito europeu, e depois da divulgação de um relatório da chamada "troika" (Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Banco Central Europeu) sobre a situação da economia grega.

Enquanto isso, na Alemanha se discute abertamente uma possível saída da Grécia do euro, o que despertou reações do presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, e do comissário europeu Günther Öttinger, que rejeitam essa opção.

A visita de Samaras a Berlim - que foi chamada pela imprensa grega de "a viagem da agonia" - será precedida por uma reunião entre Merkel e Hollande na quinta-feira.

Embora essa reunião também incluirá uma troca de opiniões sobre a estratégia para combater a crise da zona do euro a longo prazo, sem dúvida alguma o tema grego e a busca de uma solução imediata fará parte da agenda.

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