Economia

Merkel e Rajoy: juntos frente à crise mas calados sobre BCE

Espanha e Alemanha farão "todo o necessário para resolver de forma definitiva a crise do euro", disse o presidente do governo espanhol durante a visita de Angela Merkel

Rajoy recebe Angela Merkel: "Conversamos sobre o que a Espanha lançou, mas não evocamos nenhuma das possíveis condições" econômicas, afirmou Merkel (©AFP / Andrea Comas)

Rajoy recebe Angela Merkel: "Conversamos sobre o que a Espanha lançou, mas não evocamos nenhuma das possíveis condições" econômicas, afirmou Merkel (©AFP / Andrea Comas)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2012 às 17h06.

Madri - O presidente espanhol, Mariano Rajoy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, mostraram-se unidos, nesta quinta-feira, frente à crise na Zona do Euro, mas evitaram se pronunciar sobre as novas medidas de ajuda anunciadas pelo Banco Central Europeu (BCE), e sobre a opção de um resgate financeiro da Espanha.

Espanha e Alemanha farão "todo o necessário para resolver de forma definitiva a crise do euro", disse o presidente do governo espanhol durante a visita da chanceler Merkel, para quem é preciso "restaurar a confiança no euro em seu conjunto".

Esta foi a terceira visita diplomática a Madri em menos de duas semanas, depois do presidente da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy e do presidente francês, François Hollande: a quarta economia da zona do euro, em posição frágil nos mercados, busca o apoio de seus sócios.

O respaldo desta vez veio de Frankfurt, onde o presidente do BCE, Mario Draghi, revelou, finalmente, seu novo programa de compra da dívida, uma medida que deverá beneficiar em primeiro lugar a Espanha, mas que requer antes um pedido oficial de sua parte.

Um indício das esperanças postas nesse programa foi o fato de o Tesouro espanhol ter conseguido captar 3,5 bilhões de euros a taxas de juros em baixa.

O anúncio de Draghi provocou a euforia do mercado e a bolsa de Madri disparou 4,91%.

Contudo, da parte de Mariano Rajoy e Angela Merkel, houve silêncio total sobre o tema: "quando tiver alguma novidade, se tiver, a contarei", se limitou a responder Rajoy à pergunta de um jornalista sobre o anúncio de Draghi.

"Não tive nem sequer tempo de ler o pronunciamento do senhor (Mario) Draghi", afirmou no começo da coletiva de imprensa posterior à do BCE.


Angela Merkel também se esquivou do tema: "a coletiva do senhor Draghi está acontecendo nesse momento", disse, também se mostrando prudente em seus comentários mais genéricos.

"O BCE atua no âmbito de sua independência e de seu mandato" e "é o responsável pela estabilidade, pelo valor da moeda; ele que toma as medidas cabíveis", acrescentou Merkel.

"Não tenho competência para dizer em que porcentagem as taxas de juros são elevadas ou baixas demais", mas "posso dizer que as taxas de juros alemãs são muito baixas e sei que as de outros países são mais elevadas".

As taxas da Espanha estão justamente entre as mais altas da zona do euro, o que a transforma em candidata ideal a um plano de resgate, depois de uma primeira promessa da zona do euro de 100 bilhões para seus bancos.

Angela Merkel e Mariano Rajoy sinalizam, por razões muito diferentes, grandes resistências a este resgate global: Merkel enfrenta em seu país as objeções do Bundesbank e de uma parte de sua população, pouco inclinada a dar um cheque em branco para a Espanha.

Rajoy, por sua vez, chegou ao poder há menos de nove meses e avalia o custo político de um eventual resgate, palavra que se recusa a usar. Ele espera evitar a imposição de uma nova série de condições depois de já ter anunciado um drástico plano para recuperar 102 bilhões de euros até 2014.

"Conversamos sobre o que a Espanha lançou, mas não evocamos nenhuma das possíveis condições" econômicas, afirmou Merkel.

Mario Draghi disse que a compra da dívida pelo BCE seria feita sob condições estritas, implicando enormes esforços de saneamento das finanças públicas.

"Agora a bola está no nosso campo", comentou Jordi Fabregat, professor da escola de comércio Esade, "já que o governo terá que pedir publicamente o resgate" aos fundos de ajuda europeus (FEEF e MEE) e terá, sem dúvida, que fazê-lo antes de outubro, mês carregado de vencimentos da dívida de cerca de 30 bilhões.

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