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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h35.
SÃO PAULO, 23 de setembro (Portal EXAME) Sem escapatória, o mercado financeiro brasileiro retoma suas atividades movido pelas eleições e por novos números sobre a economia americana. As notícias do final de semana sobre a corrida eleitoral não foram boas para o candidato do governo e os Estados Unidos divulgam hoje os principais indicadores do mês de agosto.
Por outro lado, uma notícia positiva: segundo números divulgados por órgãos internacionais, a queda dos investimentos estrangeiros no país está dentro da média da escassez mundial de dólares. Isto sugere, segundo analistas, que o desinteresse do investidor estrangeiro no Brasil é menos resultado do duvidoso cenário político interno do que conseqüência de circunstâncias internacionais.
Depois do pequeno fôlego tomado na sexta-feira (20/09), quando a pesquisa Ibope/CNI trouxe resultados não tão desfavoráveis a José Serra (PSDB/PMDB), o mercado tem de lidar com novo levantamento, o qual indica que o petista Luiz Inácio Lula da Silva está mais próximo da vitória no primeiro turno.
O Datafolha divulgou ontem os números: Lula com 44%, Serra com 19%, Ciro Gomes (Frente Trabalhista) com 15% e Antony Garotinho (PPS) com 13%. "O que mais se destaca na pesquisa do Datafolha é o índice de rejeição", afirma um analista. Serra, candidato preferido pelo mercado, aparece com o maior índice (34%) de rejeição, incluindo os nanicos José Maria de Almeida (PSTU) e Rui Costa Pimenta (PCO) com 26% e 24%, respectivamente. A taxa de Ciro é de 33% e a de Lula, 29%.
Com estes resultados, as expectativas dos analistas em relação à cotação do dólar hoje e à reação da Bolsa de Valores de São Paulo não são as mais otimistas. Boa parte do mercado espera subida da moeda americana e pressão negativa na movimentação da Bovespa.
O cenário internacional pode ajudar nas incertezas. Nos Estados Unidos, o governo abrirá os valores dos principais indicadores econômicos do mês de agosto véspera do aniversário de 11 de setembro. Se os números reforçarem a tendência de lentidão do crescimento, é provável que as bolsas americanas reajam mal e, num efeito dominó, afete o desempenho da Bovespa. Em um cenário de dificuldades na retomada do crescimento, a posição tomada pelos investidores é de cautela: ninguém investe em nada, muito menos em mercados emergentes, como o Brasil.
A falta de liquidez de linhas de investimento e de crédito globais afeta a economia brasileira, mas na justa medida que afetou o resto do mundo. Dados divulgados pelo órgão intergovernamental United Nacions Conference on Trade and Development (UNCTAD) mostram que os fluxos globais de investimento direto foram reduzidos em cerca de 50,7% no ano passado.
Outro órgão internacional, o Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD), sugere que em 2002 essa redução pode chegar a 25%. Estes dados confirmam a percepção de que boa parte da redução do fluxo de investimento para o país tem a ver com a retração mundial. Os investimentos diretos estrangeiros para o Brasil nos sete primeiros meses deste ano registraram uma redução de 14,9% em relação ao mesmo período do ano passado, após uma queda de 31,5% em 2001. Algumas estimativas apontam redução de 29% em 2002.
"A queda dos investimentos no Brasil decorre muito mais de uma redução generalizada nos fluxos globais do que de problemas específicos do país como as eleições ou uma suposta, e ao nosso ver equivocada, menor atratividade da economia brasileira para os investimentos diretos estrangeiros", afirmam analistas de um grande banco estrangeiro. "Não se questiona a influência destes fatores domésticos, porém não acreditamos que eles sejam a causa da maior parte da redução nos fluxos de investimento direto".
Indicadores
Como acontece toda segunda-feira, o governo divulga o resultado da balança comercial. Hoje será da terceira semana de setembro. A expectativa do mercado é de superávit de 950 milhões de dólares.
O Tesouro Nacional mostra o resultado primário do governo central que deve ficar em torno de 1,5 bilhão de reais.
Será realizada pelo governo uma troca de até 350 mil títulos (LFTs) de 2004 e 2006 por papéis com vencimento em 18/06/2003.