Economia

Mercado mantém aposta de alta da taxa Selic em 2013

As declarações feitas pelo presidente do BC reforçaram entre analistas a percepção de que a probabilidade de uma elevação dos juros básicos (Selic) ainda em 2013 cresceu


	BC: a expectativa entre os economistas é de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido apenas 1% em 2012.
 (Divulgação/Banco Central)

BC: a expectativa entre os economistas é de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido apenas 1% em 2012. (Divulgação/Banco Central)

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Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2013 às 09h01.

São Paulo - As declarações feitas pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na terça-feira (19) reforçaram entre analistas a percepção de que a probabilidade de uma elevação dos juros básicos (Selic) ainda em 2013 cresceu substancialmente.

Tombini afirmou que os ciclos monetários - ou seja, as altas e baixas da Selic - continuam valendo no País. Em outras palavras, a taxa básica será reajustada para conter a inflação se o BC entender que é preciso.

"Não há dúvidas de que a possibilidade de uma alta da Selic ocorrer ainda neste ano vem crescendo", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

Isso não significa que essa eventual alta ocorreria em breve, como o próprio mercado chegou a cogitar nas últimas semanas. Outra observação importante é a de que, mesmo com esse aumento de probabilidade, a maioria dos economistas de mercado continua acreditando que a Selic não sofrerá alterações neste ano.

Permanecerá no nível atual, de 7,25% ao ano, entre eles, Lima Gonçalves. "O BC poderia trazer a inflação para o centro da meta no fim do ano ou no início de 2014, mas, para isso, seria obrigado a provocar uma recessão na economia brasileira. Será que algum político está disposto a uma ação como essas?", indaga.

O economista pondera que, apesar de a inflação estar forte neste início de ano (6,15% nos 12 meses encerrados em janeiro, ante um teto de meta de 6,5%), a atividade econômica permanece fraca.


A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido apenas 1% em 2012. O dado oficial será divulgado no próximo dia 1.º de março.

O economista Fabio Silveira, da RC Consultores, concorda. "No ambiente econômico que vivemos hoje no Brasil, a única variável forte é o consumo. Se o BC acionar a taxa básica de juros, vai atingi-la em cheio", argumenta.

Por isso, ele tem uma avaliação ousada em comparação com muitos dos seus colegas: o Copom reduzirá novamente a Selic. "Acreditamos em uma queda de 0,25 ponto porcentual na última reunião do ano", disse. Nesse contexto, muitos especialistas avaliam que a taxa de câmbio continuará a ter um papel importante no combate à inflação ao longo de 2013.

O vice-presidente de Tesouraria do banco WestLB, Ures Folchini, disse que, apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter afirmado na sexta-feira (15) que o controle da inflação no Brasil é feito via taxa de juros, os investidores ainda veem o câmbio como variável importante para ajudar a deter a escalada dos preços.

Na terça (19), por exemplo, o real voltou a se fortalecer ante o dólar. A moeda americana caiu 0,41%, para R$ 1,955. No ano, a perda ante o real é de 4,4%.

O economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, concorda que o câmbio vem sendo usado como coadjuvante no controle da inflação. Mas, diante das declarações de Tombini, ele levanta outra dúvida. "Se o BC realmente elevar a Selic, será que a autoridade monetária vai soltar um pouco o dólar, que no nível abaixo de R$ 2 representa um risco ao crescimento do País?", indaga.

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