Economia

Mercado de carne bovina tem reviravolta e preço recua do pico de novembro

Depois que os altos preços esfriaram a demanda chinesa por carne bovina, importadores do país asiático estão renegociando contratos com o Brasil

Carne: os preços mais recentes oferecidos pela China para a carne bovina estão de 25% a 30% abaixo do pico de novembro (Mike Segar/Reuters)

Carne: os preços mais recentes oferecidos pela China para a carne bovina estão de 25% a 30% abaixo do pico de novembro (Mike Segar/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 16h51.

Última atualização em 22 de janeiro de 2020 às 17h00.

Exportadores brasileiros de carne bovina enfrentam um aperto nas margens diante da pressão de preços de seu maior cliente, uma reviravolta em relação à situação de mercado de dois meses atrás.

Depois que os altos preços esfriaram a demanda chinesa por carne bovina, importadores do país asiático estão renegociando contratos com exportadores do Brasil. Os preços mais recentes oferecidos pela China para a carne bovina, de 25% a 30% abaixo do pico de novembro, não cobririam os custos de compra de gado, que dispararam nos últimos meses de 2019.

Frigoríficos brasileiros estão pagando, em média, R$ 190,60 por arroba do boi gordo, segundo o Cepea, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada ligado à Universidade de São Paulo. Embora seja 17% inferior em relação ao pico de 29 de novembro, o preço teria que cair para cerca de R$ 170 para tornar os embarques de carne bovina para a China rentáveis sob os novos termos.

O mercado doméstico também enfraqueceu. Os preços no atacado da carne bovina em São Paulo caíram cerca de 20% em relação ao pico de novembro.

É uma grande reviravolta em relação à euforia do fim do ano passado, quando os mercados globais de carne se expandiam em meio à batalha da China para compensar a falta de proteínas causada pela propagação da peste suína africana.

Agora, mais frigoríficos da América do Sul podem exportar para a China, o que também significa mais concorrência. Em setembro e novembro, Pequim habilitou mais 22 frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina, sendo que a maioria deles entrou no mercado chinês nos últimos meses de 2019.

Outro fator que pode aumentar a competição nas exportações para a China é a primeira fase do acordo comercial entre o país asiático e os Estados Unidos, que pode levar à retomada dos embarques norte-americanos para aquele país. O governo chinês reduzirá as exigências sobre uso de hormônios para as importações de carne bovina dos EUA dentro de um mês, um grande obstáculo que impedia que a maioria da carne norte-americana fosse exportada para o país asiático.

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