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A mensagem de Buffett

Num momento em que todos estão encantados com o crescimento da China, o maior investidor do mundo decide aplicar 26 bilhões de dólares numa ferrovia americana. Em se tratando de Warren Buffett, é bom pensar no que isso significa

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2010 às 09h33.

É coisa mais do que sabida que o americano Warren Buffett, já nas proximidades de completar 80 anos de idade, é o investidor mais bem-sucedido do mundo. É verdade que se fala mais de seus acertos do que de seus erros, até porque os erros são menos frequentes do que os acertos; é verdade, também, que do começo de 2008 ao começo de 2009 ele viu uns 30 bilhões de dólares, ou algo por aí, sumir de seu patrimônio escritural, com a devastação sem precedentes das bolsas de valores mundiais. Ainda assim, é indiscutível que ninguém é melhor que ele nesse jogo. Buffett perdeu muito simplesmente porque tinha muito, num momento em que tudo desabou de valor -- mesmo os papéis da mais alta qualidade. Sua fortuna em ações está em recuperação (possivelmente, até, com ajuda do mercado brasileiro) e as próximas listas dos maiores bilionários do mundo deverão indicar com mais precisão, descontando-se alguns bilhões de dólares aqui e ali, o quanto ele já conseguiu amealhar de volta.

Warren Buffett construiu seu patrimônio da maneira mais difícil que se conhece na vida dos negócios: tomando decisões simples. É algo que, na prática, muito pouca gente consegue. Deveria ser justamente o contrário, pois procurar soluções simples parece claramente preferível a procurar soluções complicadas, mas não é assim que os grandes decisores se comportam nas empresas -- seja porque não conseguem entender o que é uma coisa simples, seja porque, mesmo tendo entendido, convencem a si próprios de que sua competência, prestígio e sucesso nos resultados só se sustentam com ideias e ações de alta complexidade. Simples, para Buffett, é tudo aquilo que é evidente pela lógica comum -- ou seja, tudo aquilo que uma pessoa normal não tem trabalho para entender. Uma de suas convicções fundamentais é comprar ações que estejam baratas de preferência a ações que estejam caras, dentro do raciocínio, universalmente aplicado, segundo o qual é melhor pagar menos do que pagar mais por produtos que sejam equivalentes. Outra é concentrar seus investimentos em empresas que produzam, comprovadamente, coisas de consumo garantido, fácil e maciço -- e que façam isso há muito tempo. É assim que Buffett se tornou, por exemplo, o maior acionista da Coca-Cola. No ano passado, investiu cerca de 4,5 bilhões de dólares na Wrigley’s americana, que vem fabricando e vendendo chicletes há 119 anos. Acha um bom negócio ser acionista da General Electric, empresa que, ao lado de equipamentos de ponta, continua a fabricar lâmpadas, locomotivas, geladeiras e outros produtos de grande antiguidade.

O que estaria um investidor como Warren Buffett, então, fazendo num negócio como a compra da Burlington Northern Santa Fe -- uma estrada de ferro? Trata-se, na verdade, do maior investimento já feito por sua empresa, a Berkshire Hathaway, num montante de 26 bilhões de dólares. A ferrovia, que opera nos Estados Unidos e tem conexões para Canadá e México, transporta basicamente produtos que são comercializados há séculos e têm consumo permanente -- carvão, cereais, madeira --, o que combina com o perfil de Buffett. Mas tirar do bolso esse dinheiro todo para aplicar num negócio que depende criticamente do dinamismo econômico existente à sua volta, justo num momento em que a economia americana inspira índices baixíssimos de confiança? Ao anunciar a transação, na semana passada, Buffett disse que está fazendo "uma aposta com todas as fichas nos Estados Unidos". É uma atitude de prudência prestar atenção nisso. O mundo, como se diz com frequência cada vez maior, caminha para ser um "G1" -- e esse "1" é a China. O valor do dólar continua a se desfazer. A imagem da economia americana, exposta diariamente, mostra consumo em baixa, setores inteiros em crise, falências, desemprego, queda nos padrões de vida e por aí afora. Mas ainda parece cedo para decretar que os Estados Unidos estão a caminho de se tornar um país irrelevante, ou perto disso, na economia mundial. Mr. Buffett, pelo menos, não está convencido de que seja assim.

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É coisa mais do que sabida que o americano Warren Buffett, já nas proximidades de completar 80 anos de idade, é o investidor mais bem-sucedido do mundo. É verdade que se fala mais de seus acertos do que de seus erros, até porque os erros são menos frequentes do que os acertos; é verdade, também, que do começo de 2008 ao começo de 2009 ele viu uns 30 bilhões de dólares, ou algo por aí, sumir de seu patrimônio escritural, com a devastação sem precedentes das bolsas de valores mundiais. Ainda assim, é indiscutível que ninguém é melhor que ele nesse jogo. Buffett perdeu muito simplesmente porque tinha muito, num momento em que tudo desabou de valor -- mesmo os papéis da mais alta qualidade. Sua fortuna em ações está em recuperação (possivelmente, até, com ajuda do mercado brasileiro) e as próximas listas dos maiores bilionários do mundo deverão indicar com mais precisão, descontando-se alguns bilhões de dólares aqui e ali, o quanto ele já conseguiu amealhar de volta.

Warren Buffett construiu seu patrimônio da maneira mais difícil que se conhece na vida dos negócios: tomando decisões simples. É algo que, na prática, muito pouca gente consegue. Deveria ser justamente o contrário, pois procurar soluções simples parece claramente preferível a procurar soluções complicadas, mas não é assim que os grandes decisores se comportam nas empresas -- seja porque não conseguem entender o que é uma coisa simples, seja porque, mesmo tendo entendido, convencem a si próprios de que sua competência, prestígio e sucesso nos resultados só se sustentam com ideias e ações de alta complexidade. Simples, para Buffett, é tudo aquilo que é evidente pela lógica comum -- ou seja, tudo aquilo que uma pessoa normal não tem trabalho para entender. Uma de suas convicções fundamentais é comprar ações que estejam baratas de preferência a ações que estejam caras, dentro do raciocínio, universalmente aplicado, segundo o qual é melhor pagar menos do que pagar mais por produtos que sejam equivalentes. Outra é concentrar seus investimentos em empresas que produzam, comprovadamente, coisas de consumo garantido, fácil e maciço -- e que façam isso há muito tempo. É assim que Buffett se tornou, por exemplo, o maior acionista da Coca-Cola. No ano passado, investiu cerca de 4,5 bilhões de dólares na Wrigley’s americana, que vem fabricando e vendendo chicletes há 119 anos. Acha um bom negócio ser acionista da General Electric, empresa que, ao lado de equipamentos de ponta, continua a fabricar lâmpadas, locomotivas, geladeiras e outros produtos de grande antiguidade.

O que estaria um investidor como Warren Buffett, então, fazendo num negócio como a compra da Burlington Northern Santa Fe -- uma estrada de ferro? Trata-se, na verdade, do maior investimento já feito por sua empresa, a Berkshire Hathaway, num montante de 26 bilhões de dólares. A ferrovia, que opera nos Estados Unidos e tem conexões para Canadá e México, transporta basicamente produtos que são comercializados há séculos e têm consumo permanente -- carvão, cereais, madeira --, o que combina com o perfil de Buffett. Mas tirar do bolso esse dinheiro todo para aplicar num negócio que depende criticamente do dinamismo econômico existente à sua volta, justo num momento em que a economia americana inspira índices baixíssimos de confiança? Ao anunciar a transação, na semana passada, Buffett disse que está fazendo "uma aposta com todas as fichas nos Estados Unidos". É uma atitude de prudência prestar atenção nisso. O mundo, como se diz com frequência cada vez maior, caminha para ser um "G1" -- e esse "1" é a China. O valor do dólar continua a se desfazer. A imagem da economia americana, exposta diariamente, mostra consumo em baixa, setores inteiros em crise, falências, desemprego, queda nos padrões de vida e por aí afora. Mas ainda parece cedo para decretar que os Estados Unidos estão a caminho de se tornar um país irrelevante, ou perto disso, na economia mundial. Mr. Buffett, pelo menos, não está convencido de que seja assim.

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