Economia

Menos crédito de bancos estatais ajudará privados, diz Fitch

Bancos estatais estão reduzindo o desembolso de empréstimos sob instruções do governo federal


	Agência do banco Itaú: foco forte do Governo em controles de despesas e nos empréstimos de menor risco, permitirá que Itaú Unibanco, Bradesco e Santander aumentem suas carteiras
 (Sérgio Moraes/Reuters)

Agência do banco Itaú: foco forte do Governo em controles de despesas e nos empréstimos de menor risco, permitirá que Itaú Unibanco, Bradesco e Santander aumentem suas carteiras (Sérgio Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2014 às 18h34.

São Paulo - Os maiores bancos privados brasileiros devem recuperar participação no mercado de seus rivais estatais, que estão reduzindo o desembolso de empréstimos sob instruções do governo federal, afirmou o diretor de instituições financeiras da América Latina na Fitch Ratings, Robert Stoll.

"A esperada retração do setor público deve ajudar os bancos do setor privado a recuperar participação de mercado", disse o analista no chat Trading Brazil da Thomson Reuters.

Na visão de Stoll, o foco forte em controles de despesas e nos empréstimos de menor risco, como imobiliário e consignado, permitirá que Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil aumentem suas carteiras de crédito para consumo em ritmo mais lento do que na média de anos anteriores com um impacto gerenciável na rentabilidade.

Ele disse que tal estratégia é "boa e sustentável para os bancos privados, especialmente num ambiente operacional incerto".

Ainda assim, é difícil dizer se o governo vai confirmar promessas para frear significativamente o crescimento agressivo de crédito dos bancos estatais, pois poderia dificultar o apoio ao partido no poder na eleição presidencial de outubro.

Analistas da Moody's Investors Service, outra agência de classificação de risco, tem a mesma dúvida sobre o tamanho da desaceleração dos bancos públicos no Brasil.

Embora nos últimos meses autoridades do governo tenham reconhecido a necessidade de desacelerar os bancos estatais, estes ainda têm crescido suas carteiras de crédito pelo menos o dobro da velocidade dos rivais do setor privado.

A decisão da Moody's do ano passado de reduzir os ratings do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal reflete a crescente preocupação entre os investidores sobre uso crescente do Brasil de bancos públicos para retomar o crescimento, independentemente das consequências fiscais de tal estratégia.


Os bancos estatais, que respondem por mais da metade dos empréstimos atuais no Brasil, buscaram mercados mais arriscados de crédito, como consumo, automóveis e crédito a empresas de pequeno porte - áreas que os bancos do setor privado estão se distanciando, na esteira da ainda elevada inadimplência.

"Esta é a grande questão: será que isso realmente acontecerá em um ano eleitoral", disse Stoll. "Eles precisam fazer algo significativo para evitar um potencial rebaixamento.

A boa notícia, segundo o diretor da Fitch, é que os bancos privados estão "bem posicionados, uma vez que melhoraram a qualidade de suas carteiras e eficiência, e parecem obter um retorno decente, apesar da economia lenta".

O banco central espera que o crescimento do crédito entre os bancos no Brasil fique perto de 13 por cento este ano, após ter crescido 14,6 por cento em 2013.

Questionado sobre o julgamento no Supremo Tribunal Federal do Brasil das ações que reivindicam correção de cadernetas de poupança por perdas com planos econômicos das décadas de 1980 e 1990, que poderiam reduzir significativamente o capital dos maiores bancos do país, Stoll disse que os atrasos recentes das audiências para o caso eram prudentes, a fim de evitar alguma decisão potencialmente prejudicial para o sistema bancário.

Um estudo contratado pela federação dos bancos Febraban para a consultoria LCA concluiu que, dependendo da decisão dos juízes, a conta pode ir de 23 bilhões a até 341 bilhões de reais. Segundo estudo da área econômica do governo, os valores podem chegar a 150 bilhões de reais.

"Minha opinião é que os bancos seguiram a lei e não devem ser penalizados, por isso gostei que foi adiado", afirmou Stoll.

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