Opep: acordo para redução de produção (Leonhard Foeger/File Photo/Reuters)
Reuters
Publicado em 10 de dezembro de 2016 às 17h39.
Viena - Países membros e não-membros da Opep chegaram neste sábado ao primeiro acordo desde 2001 para reduzir em conjunto a produção de petróleo e aliviar um excedente global depois de mais de dois anos de preços baixos da commodity, o que desequilibrou muitos orçamentos, provocando crise em alguns países.
Com o acordo finalmente assinado após quase um ano de discussões dentro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, e de desconfiança a respeito de como a Rússia, não-membro, iria se posicionar a respeito, o foco do mercado agora muda para o cumprimento do acordo na prática.
A Opep tem um longo histórico de fraudes em cotas de produção. O fato de Nigéria e Líbia ficarem isentos do acordo devido a conflitos civis que afetam a produção deve pressionar ainda mais a líder da Opep, a Arábia Saudita, a arcar com a maior parte das reduções de oferta.
A Rússia, que quinze anos atrás não cumpriu com a promessa de cortar a produção em conjunto com a Opep, deve, desta vez, apresentar reduções reais na produção. Mas especialistas questionam se alguns produtores não-membros da Opep estão tentados a apresentar um declínio natural na produção como forma de contribuição para o acordo.
"Esse acordo nos consolida e nos prepara para cooperações de longo prazo", disse o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, a jornalistas após o encontro, classificando o acordo como "histórico".
Para o ministro de Energia da Rússia, Alexander Novak, "o acordo de hoje vai acelerar a estabilização do mercado petrolífero, reduzir a volatilidade e atrair novos investimentos".
Na última semana, a Opep concordou em reduzir a produção a em 1,2 milhão de barris de petróleo por dia a partir do dia 1º de janeiro, com a maior exportadora, a Arábia Saudita, cortando 486 mil barris por dia.
Neste sábado, os países não-membros da organização que conta com 13 produtores concordaram em reduzir a produção em 558 mil barris por dia, menos do que a expectativa de 600 mil barris por dia, mas ainda sim a maior contribuição de não-membros da Opep na história. Deste montante, a Rússia vai cortar 300 mil barris por dia.
"Comparado a dois meses atrás quando as expectativas pelo acordo estavam esmaecendo rapidamente, esta é uma grande reviravolta", disse Amrita Sen, da consultoria Energy Aspects. "Os céticos irão cobrar o cumprimento do acordo, mas o simbolismo nesse ato não pode ser subestimado."
Gary Ross, veterano observador da Opep e fundador da consultoria Pira Energy, disse que a Opep deve mirar um preço de 60 dólares por barril, já que um valor acima disso poderia estimular a produção de rivais.