Meirellles: "Esperamos que a reforma trabalhista possa gerar nos próximos anos seis milhões de empregos no Brasil" (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de fevereiro de 2018 às 16h51.
Rio - O Brasil deverá registrar a abertura de 2,5 milhões de postos de trabalho este ano, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Segundo ele, o governo também está trabalhando no sentido de aumentar "fortemente" a produtividade brasileira.
"Desde o fim de 2016, já temos dois milhões de pessoas a mais trabalhando", acrescentou Meirelles, em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
"Esperamos que a reforma trabalhista possa gerar nos próximos anos seis milhões de empregos no Brasil", completou.
O ministro elencou ainda as reformas microeconômicas conduzidas pela equipe econômica desde que Michel Temer assumiu a Presidência da República, como a nova lei de governança das estatais, que possibilitou o novo estatuto da Caixa.
"Há uma série de microrreformas que estão sendo muito importantes, com impacto enorme", disse. "Existe um número enorme de mudanças que estão sendo feitas visando, em última análise, que o Brasil funcione melhor."
Meirelles destacou também a atuação do governo nos leilões de concessão de aeroportos, petróleo, gás, portos, energia elétrica, rodovias e ferrovias. Segundo ele, existe um grande número de projetos que estão sendo analisados para serem objeto de concessões. Para ele, há oportunidade para concessões no País, o necessário é criar regras adequadas. "Estamos abrindo muita coisa para o setor privado e tem capital internacional interessado", declarou.
O País está no início de um novo ciclo de crescimento sustentado, na avaliação de Meirelles. Segundo ele, o Brasil está num período em que deixou de ser objeto de controvérsia e há constatação de que o País vai bem. A economia consolidou o crescimento, as expectativas estão consolidadas, disse.
O ministro reconheceu que a eleição de 2018 gera expectativas, como em qualquer país, mas acredita que dificilmente a política econômica apresentaria retrocesso no novo governo. "Acho muito improvável que haja uma volta atrás, principalmente após sairmos da maior recessão da história", concluiu.
Os ciclos de expansão e retração da economia brasileira, nos últimos 70 anos, sempre foram marcados pela questão fiscal, afirmou Meirelles no evento. Ele defendeu as medidas fiscais adotadas pelo governo federal, como o teto de gastos, e a proposta de reforma da Previdência.
"Desde a construção de Brasília, na década de 1950", afirmou Meirelles, numa referência ao principal projeto do governo Juscelino Kubitschek (1956-1961). "Aí veio a crise, gerada por excesso de despesa pública sem financiamento", disse Meirelles.
Mesmo durante o crescimento do "milagre brasileiro", o avanço foi financiado com capital internacional, lembrou o ministro, para em seguida citar os problemas de balança de pagamentos e as crises daí decorrentes, a partir do segundo choque do petróleo no fim da década de 1970. A hiperinflação que se seguiu, disse Meirelles, também tinha raízes no desequilíbrio das contas do governo. "Tudo no fundo é problema fiscal", disse Meirelles.