Economia

Meirelles cogita recomendar veto à versão do Refis da Câmara

Declaração do ministro ocorre após a Câmara aprovar uma versão com a inclusão de regras que não haviam sido acordadas com o governo

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dia 23/08/2017 (Adriano Machado/Reuters)

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dia 23/08/2017 (Adriano Machado/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 4 de outubro de 2017 às 10h09.

Última atualização em 4 de outubro de 2017 às 10h59.

Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira que "sempre é possível" haver recomendação de veto ao Refis, programa de renegociação de dívidas tributárias, após a Câmara dos Deputados ter aprovado na véspera uma versão com a inclusão de regras que não haviam sido acordadas com o governo.

"Sempre é possível (recomendar o veto) dependendo da evolução do assunto. Mas esperamos que não, vamos aguardar agora a decisão do Senado", afirmou Meirelles a jornalistas, na saída de evento em Brasília.

Na noite passada, a Câmara concluiu a votação da medida provisória que dá desconto para dívidas de pessoas físicas e empresas com a União, mas incluiu o perdão a dívidas de entidades religiosas e de instituições de ensino vocacional em relação a todos os tributos federais.

Em outra frente, os deputados também aprovaram um desconto de 100 por cento nos encargos legais e honorários advocatícios em dívidas com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). O texto-base da medida, que recebeu sinal verde na semana passada, previa desconto de apenas 25 por cento nesse sentido.

As mudanças têm o potencial de reduzir ainda mais a arrecadação esperada com o programa neste ano. Sem considerá-las, a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, já havia estimado frustração de 5 bilhões de reais com o Refis em 2017, com o programa levantando apenas 3,8 bilhões de reais.

BNDES

Sobre a resistência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em devolver 130 bilhões de reais ao Tesouro no ano que vem, Meirelles pontuou que o caminho para o banco de fomento é que fique cada vez mais independente de financiamento subsidiado pelo governo.

O BNDES já devolveu 33 bilhões de reais ao Tesouro neste ano e se comprometeu com o pagamento de mais 17 bilhões de reais. Em relação aos outros 130 bilhões de reais que o governo pede para 2018, contudo, integrantes do banco têm pontuado que os recursos em caixa existem, mas estão em boa parte comprometidos com financiamentos, de forma que sua retirada atrapalharia a missão de apoio ao crescimento econômico do país.

Após avaliar como "normal a defesa aguerrida dos interesses diretos da instituição pela direção", Meirelles afirmou que o governo está rigorosamente analisando quais são as necessidades do BNDES nos próximos anos.

O governo conta com a devolução dos recursos pelo BNDES para cumprimento da chamada regra de ouro. Inscrita na Constituição, ela determina que as receitas de operações de crédito não podem ultrapassar o valor das despesas de capital.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosGovernoHenrique MeirellesMinistério da Fazenda

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor