Mantega descarta risco de mais inflação
Segundo o ministro, possíveis aumentos nos indicadores de preços seriam anulados pela queda na cotação internacional das commodities
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2011 às 07h25.
Washington - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, insistiu ontem não haver risco de maior pressão inflacionária em razão da desvalorização do real, que, apenas ontem, alcançou 2,84%. Segundo ele, possíveis aumentos nos indicadores de preços seriam anulados pela queda na cotação internacional das commodities. Além disso, os insumos e outros bens importados não devem aumentar em curto prazo porque os contratos foram fechados há vários meses, com base numa taxa de câmbio maior.
Ao desembarcar em Washington, onde participará da reunião de outono do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, Mantega disse não haver intenção do governo brasileiro de retirar as medidas adotadas nos últimos anos contra valorização do real. Para o ministro, "o câmbio está devolvendo o que se valorizou" nos últimos anos.
"Não haverá escalada da inflação", afirmou. "É preciso que o patamar da taxa de câmbio permaneça (sem mudança) por algum tempo para ter efeito no mercado. Caso contrário, as flutuações, as oscilações se anulam", completou.
Com inusitada resistência a ser entrevistado pela imprensa, que o esperava na estação de trens de Washington, Mantega acabou cedendo. Porém, manteve-se cauteloso. Ao longo das declarações, indicou que a desvalorização do real será passageira, já que a causa da corrida aos dólares está no estresse e na aversão ao risco dos mercados em relação ao eventual fracasso das negociações do FMI, do Banco Central Europeu (BCE) e da União Europeia com a Grécia.
O ministro mostrou-se otimista sobre um possível acerto, no início da próxima semana, para permitir a Atenas o acesso à parcela de 8 bilhões de euros do acordo de 2010. Também assinalou não haver nenhum vencimento em curto prazo da dívida grega que pudesse ser alvo de suspensão de pagamentos.
"Parece que a negociação vai caminhar para um desfecho favorável. Então, não deveria haver perigo nenhum", afirmou. "De qualquer maneira, os mercados continuam a dar sinais de estresse e nervosismo. Isso está levando a uma valorização do dólar no mundo todo. A Grécia é o calcanhar de Aquiles", completou.
A ausência de um acerto com a Grécia, entretanto, resultará no agravamento da crise e em pressões maiores sobre outros países europeus com elevado nível de endividamento. Segundo Mantega, uma "forte desvalorização" preocupa o governo brasileiro, especialmente por seus efeitos sobre setores do País endividados no exterior. Em outra mão, Mantega salientou possíveis benefícios ao setor exportador. "Não vamos fazer ilações. Para isso acontecer, a crise terá de se agravar muito."
Mantega reiterou ontem ser responsabilidade da Europa prover o socorro financeiro a suas economias e esquivou-se de confirmar o possível compromisso dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul) de comprar títulos públicos dos países europeus mais vulneráveis. O grupo tratará do tema hoje, em paralelo à reunião do FMI e do Banco Mundial. Porém, com indisfarçável orgulho, Mantega salientou ser o Brasil "parte da solução", como membro do FMI. "O FMI não precisa de mais dólares (para uma eventual ajuda a outras economias europeias) porque já tem US$ 1 trilhão disponível, no qual o Brasil colocou um dinheirinho."
Hoje, Mantega tratará da questão grega em encontros com o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, e os ministros de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, e da Grécia, Evangelos Venizelos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Washington - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, insistiu ontem não haver risco de maior pressão inflacionária em razão da desvalorização do real, que, apenas ontem, alcançou 2,84%. Segundo ele, possíveis aumentos nos indicadores de preços seriam anulados pela queda na cotação internacional das commodities. Além disso, os insumos e outros bens importados não devem aumentar em curto prazo porque os contratos foram fechados há vários meses, com base numa taxa de câmbio maior.
Ao desembarcar em Washington, onde participará da reunião de outono do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, Mantega disse não haver intenção do governo brasileiro de retirar as medidas adotadas nos últimos anos contra valorização do real. Para o ministro, "o câmbio está devolvendo o que se valorizou" nos últimos anos.
"Não haverá escalada da inflação", afirmou. "É preciso que o patamar da taxa de câmbio permaneça (sem mudança) por algum tempo para ter efeito no mercado. Caso contrário, as flutuações, as oscilações se anulam", completou.
Com inusitada resistência a ser entrevistado pela imprensa, que o esperava na estação de trens de Washington, Mantega acabou cedendo. Porém, manteve-se cauteloso. Ao longo das declarações, indicou que a desvalorização do real será passageira, já que a causa da corrida aos dólares está no estresse e na aversão ao risco dos mercados em relação ao eventual fracasso das negociações do FMI, do Banco Central Europeu (BCE) e da União Europeia com a Grécia.
O ministro mostrou-se otimista sobre um possível acerto, no início da próxima semana, para permitir a Atenas o acesso à parcela de 8 bilhões de euros do acordo de 2010. Também assinalou não haver nenhum vencimento em curto prazo da dívida grega que pudesse ser alvo de suspensão de pagamentos.
"Parece que a negociação vai caminhar para um desfecho favorável. Então, não deveria haver perigo nenhum", afirmou. "De qualquer maneira, os mercados continuam a dar sinais de estresse e nervosismo. Isso está levando a uma valorização do dólar no mundo todo. A Grécia é o calcanhar de Aquiles", completou.
A ausência de um acerto com a Grécia, entretanto, resultará no agravamento da crise e em pressões maiores sobre outros países europeus com elevado nível de endividamento. Segundo Mantega, uma "forte desvalorização" preocupa o governo brasileiro, especialmente por seus efeitos sobre setores do País endividados no exterior. Em outra mão, Mantega salientou possíveis benefícios ao setor exportador. "Não vamos fazer ilações. Para isso acontecer, a crise terá de se agravar muito."
Mantega reiterou ontem ser responsabilidade da Europa prover o socorro financeiro a suas economias e esquivou-se de confirmar o possível compromisso dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul) de comprar títulos públicos dos países europeus mais vulneráveis. O grupo tratará do tema hoje, em paralelo à reunião do FMI e do Banco Mundial. Porém, com indisfarçável orgulho, Mantega salientou ser o Brasil "parte da solução", como membro do FMI. "O FMI não precisa de mais dólares (para uma eventual ajuda a outras economias europeias) porque já tem US$ 1 trilhão disponível, no qual o Brasil colocou um dinheirinho."
Hoje, Mantega tratará da questão grega em encontros com o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, e os ministros de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, e da Grécia, Evangelos Venizelos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.