Economia

Mansueto: Não se espera volume alto de receita extraordinária

Secretário do Tesouro ressaltou que 92% do gasto previsto no Orçamento deste ano já se refere a despesas obrigatórias

Mansueto Almeida: segundo o secretário, não existe a possibilidade de se fazer ajuste fiscal no Brasil sem que se faça a reforma da Previdência (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mansueto Almeida: segundo o secretário, não existe a possibilidade de se fazer ajuste fiscal no Brasil sem que se faça a reforma da Previdência (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de abril de 2018 às 17h01.

Brasília - O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, explicou nesta quarta-feira, 25, que a maior parte das despesas do governo central está concentrada no segundo semestre do ano.

Por isso, segundo ele, o déficit primário de R$ 119,5 bilhões em 12 meses até março não significa que o governo tem uma folga em relação à meta de saldo negativo de R$ 159 bilhões neste ano.

"O resultado primário em 12 meses é afetado por receitas extraordinárias no fim de 2017, como alguns leilões e parcelamentos de dívidas. Não é o caso agora. Não há expectativa de volume alto de receita extraordinária no fim de 2018", alegou.

Mansueto destacou novamente a piora crescente do resultado da Previdência para mostrar que o aumento dos gastos do INSS não é acompanhado pela evolução das receitas. Em 12 meses, o déficit previdenciário está em R$ 276,7 bilhões e deve chegar a R$ 292,5 bilhões até o fim do ano, equivalentes a 4,2% do PIB.

"Como o déficit primário é menor que isso, isso significa que todo o superávit na conta do Tesouro não é suficiente para cobrir o rombo da Previdência. A despesa previdenciária não depende da boa vontade do gestor público, mas das regras dos benefícios. Por isso a Reforma da Previdência é essencial. Se quisermos reduzir o crescimento desse gasto, teremos que fazer a reforma", enfatizou.

Mansueto ressaltou que 92% do gasto previsto no Orçamento deste ano já se refere a despesas obrigatórias, sobrando uma margem de apenas 8% ao governo nas despesas discricionárias.

"O crescimento da despesa com Previdência nos últimos quatro anos em proporção do PIB foi muito maior que nos 12 anos anteriores. E a tendência disso não é melhorar", repetiu.

Segundo o secretário, não existe a possibilidade de se fazer ajuste fiscal no Brasil sem que se faça a reforma da Previdência. "Não haverá plano B, plano C, plano D, ou plano E sem a reforma. Existem muitas propostas de reforma que podem ser discutidas, e é isso que se espera de um bom debate político. Mas não há ajuste sem a reforma", concluiu.

Despesas discricionárias

Mansueto Almeida disse que as despesas discricionárias do governo federal voltaram ao nível de 2009. "Ou seja, de 2009 a 2018, as despesas discricionárias tiveram crescimento zero. Todo o crescimento de gastos nesse período se deu em despesas obrigatórias, que não podem ser contingenciadas. Cabe ao Tesouro pagar a conta", afirmou.

Segundo o secretário, para o próximo ano será necessário haver um novo corte nas despesas discricionárias para acomodar o crescimento das despesas obrigatórias dentro do teto de gastos. "Em 2019, as despesas obrigatórias avançarão R$ 74 bilhões, contra um espaço no teto de R$ 40 bilhões", detalhou.

Restos a pagar

Mansueto Almeida reafirmou que o governo estuda o cancelamento de restos a pagar (RAP) não processados que estão inscritos nessa conta há muitos anos, mas são referentes a projetos não executados.

Segundo ele, é possível cancelar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões de restos a pagar de um total de R$ 81,5 bilhões de RAP não processados.

"Estamos pedindo uma verificação de restos a pagar a todos os ministérios. Há espaço em reduzir o volume apenas fazendo essa investigação sobre o que tem chance de ser realizado e sobre o que deixou de ser prioritário para o País. Isso inclusive pode abrir espaço orçamentário para novas obras nos próximos anos", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Déficit públicoGovernoTesouro Nacional

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto