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Mansueto: corte em ministérios sem mudar despesa obrigatória não é ajuste

Secretário do Tesouro diz que aposentadorias, benefícios trabalhistas e bolsas para pessoas carentes contribuíram com aumento da despesa do governo federal

Mansueto Almeida: Ele apontou que a arrecadação federal não é mais suficiente para que o governo consiga fechar as contas (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de agosto de 2018 às 19h09.

Brasília - O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta sexta-feira, 17, que a maior parte do crescimento da despesa do governo federal nas últimas décadas aconteceu em programas de transferência de renda, como aposentadorias, benefícios trabalhistas e bolsas para pessoas carentes. Ele voltou a defender mudanças na legislação sobre despesas obrigatórias, sobretudo a reforma da Previdência .

"Mesmo se o próximo presidente fechar dez ministérios e cortar diárias de viagens de funcionários públicos, o governo não fará ajuste fiscal. Porque isso é muito pouco diante da despesa total do governo. O gasto discricionário já foi reduzido e está neste ano no mesmo valor real de 2009. Enquanto isso, o gasto obrigatório cresceu 50% nos últimos nove anos", afirmou, em palestra no Seminário de Direito e Desenvolvimento organizado pela FGV Direito Rio.

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Mansueto mostrou que o Brasil tem registrado déficits primários desde 2014 e deve continuar no vermelho pelo menos até 2020. "Houve queda de arrecadação com a crise, mas o grande problema do País foi o crescimento recorrente do gasto público", explicou.

Ele apontou que a arrecadação federal não é mais suficiente para que o governo consiga fechar as contas, mas lembrou que a carga de tributos no País já é muito alta. "Se o Brasil fosse a Alemanha ou a Dinamarca, a carga brasileira de 33% do PIB não seria alta, mas os países de renda média e os países da América Latina têm cargas muitos menores. No México, por exemplo, a carga é menor que 20% do PIB ", elencou.

Segundo o secretário do Tesouro, há diversos planos de ajuste fiscal, mas, se não houver consenso em controlar o gasto, isso acarretará aumento da carga tributária. "E mesmo que se decida tributar mais os mais ricos e aumentar o imposto de renda, não vamos escapar de ter uma estrutura tributária regressiva. Eu sou a favor de se tributar heranças e dividendos, mas o problema hoje são os regimes especiais de tributação", completou.

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