Escravidão: quantidade de estabelecimentos fiscalizados pelos auditores fiscais do trabalho aumentou (iStock/Thinkstock)
Agência O Globo
Publicado em 28 de janeiro de 2020 às 11h45.
Brasília — Em 2019, 1.054 trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão em 276 estabelecimentos em todo o país. O número é menor que o registrado em 2018, quando 1.745 trabalhadores foram resgatados nessa situação.
Mas a quantidade de estabelecimentos fiscalizados pelos auditores fiscais do trabalho aumentou — no ano passado, foram 252 locais inspecionados.
Os dados, divulgados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo Ministério da Economia nesta terça-feira, mostram ainda que 87% das ocorrências foram registradas no meio rural, em atividades agropecuárias.
Ainda segundo dados da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, os trabalhadores resgatados ao longo do ano passado receberam cerca de R$ 4,1 milhões em verbas salariais e rescisórias, e 915 contratos de trabalho foram regularizados.
Entre os estados, Minas Gerais foi mais fiscalizado em 2019, com 45 ações fiscais, e o maior número de trabalhadores encontrados em situação de trabalho análogo ao escravo - 468 pessoas.
Em seguida, aparecem São Paulo e Pará, que passaram por 25 ações fiscais cada. Em São Paulo, foram resgatados 91 trabalhadores, no Pará, 66.
O maior flagrante de uma situação do tipo em um único estabelecimento, porém, foi no Distrito Federal:79 pessoas estavam trabalhando em condições degradantes para uma seita religiosa.
O setor agropecuário lidera o ranking do trabalho escravo em 2019: 87% das ocorrências vieram do meio rural. Foi na produção de carvão vegetal que mais trabalhadores foram encontrados nessa situação - 121 foram resgatados.
Em seguida, aparece o cultivo de café, onde 106 pessoas estavam nessas condições. Na criação de bovinos de corte, foram 95 pessoas, e no cultivo de milho, 67 trabalhadores.
O comércio varejista também se destacou negativamente, com 79 trabalhadores encontrados em condições degradantes. O chamado trabalho escravo urbano fez 120 vítimas no setor de confecção de roupas, na construção de edifícios e rodovias, e em serviços ambulantes e domésticos.