Economia

Maior exportador mundial, Equador tenta deter praga da banana

O setor gera US$ 2,6 bilhões em exportações e 2,5 milhões de empregos no país e os agricultores tentam evitar a chegada da fusariose da bananeira

Bananas: Equador tem mais de 7.000 produtores de bananas, muitos deles pequenos proprietários rurais que compartilham fontes de água (Dhiraj Singh/Bloomberg)

Bananas: Equador tem mais de 7.000 produtores de bananas, muitos deles pequenos proprietários rurais que compartilham fontes de água (Dhiraj Singh/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 25 de agosto de 2019 às 08h00.

Última atualização em 25 de agosto de 2019 às 08h00.

A detecção de um fungo avassalador para bananais na vizinha Colômbia soou o alerta no Equador, o maior exportador mundial da fruta.

O setor gera US$ 2,6 bilhões em exportações e 2,5 milhões de empregos no país e os agricultores tentam evitar a chegada da fusariose da bananeira, causada pelo Fusarium TR4. Algumas fazendas estão desinfetando sapatos, ferramentas e veículos e criaram vias de acesso particulares para os trabalhadores. Outras consideram cercas para isolar plantações, segundo a associação de exportadores.

O Equador tem mais de 7.000 produtores de bananas, muitos deles pequenos proprietários rurais que compartilham fontes de água, o que aumenta a vulnerabilidade à infestação. A chegada do fungo pode ser “catastrófica”, avisou Marianela Ubilla, vice-presidente da associação.

“É muito preocupante para nós porque o fungo está se movendo aproximadamente 100 km por ano” e chegou ao Oriente Médio, Ásia e Austrália, disse Ubilla em entrevista por telefone de Quito.

O Equador iniciou medidas preventivas mesmo antes de a Colômbia detectar o fungo no início deste mês, em 175 hectares perto da fronteira com a Venezuela. No entanto, a tensão é maior entre os equatorianos. Autoridades colombianas ampliaram a vigilância para tentar conter a doença.

O Fusarium TR4 pode ser transmitido por material de plantio ou partículas de solo contaminadas que circulam quando aderem a roupas, água ou veículos. O fungo pode permanecer inativo no solo por décadas. O contrabando de plantas é outra via de disseminação da doença. É seguro comer a fruta, mas não há tratamento para a bananeira, que murcha e morre.

O ministro da Agricultura da Colômbia, Andres Valencia Pinzon, se reuniu no início deste mês em Quito com representantes dos 15 maiores países exportadores para apresentar as medidas que seu governo adotou. O ministério também considera oferecer financiamento a pequenos produtores para que todos cumpram padrões de exportação.

Na Guatemala, país que mais vende bananas para os EUA, as autoridades intensificaram procedimentos alfandegários e montaram pontos de verificação no aeroporto para checar passageiros vindos de países suspeitos de ter a doença.

A ameaça coincide com um momento em que os países latino-americanos enfrentam preços baixos para alguns de seus principais produtos agrícolas, incluindo açúcar e café. Filipinas, Costa Rica, Colômbia e Guatemala completam a lista de cinco maiores países exportadores de bananas. A América Latina responde por 25% da produção mundial e por 80% das exportações.

As medidas da região para impedir a propagação do fungo interessam consumidores nos EUA, que, na média, ingerem mais de 12,7 kg per capita de bananas por ano, segundo os dados mais recentes do Rabobank, de 2017.

Os preços de importação nos EUA atingiram os maiores níveis em vários anos em 2018, diante de pragas e problemas climáticos. Como uma única variedade é responsável pela maior parte da oferta, o mercado de exportação fica vulnerável, disse Roland Fumasi, analista do Rabobank.

“As bananas são item tão básico na dieta mundial que surge preocupação toda vez que ocorre um distúrbio importante ou ameaça de doença”, acrescentou Fumasi em entrevista por telefone de Fresno, Califórnia.

(Com a colaboração de Ezra Fieser)

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