Economia

Macron descarta acordo UE-Mercosul se Brasil deixar Acordo de Paris

Para conseguir finalizar a longa negociação entre os blocos, Bolsonaro terá que concordar em continuar no tratado que determina metas globais para o clima

Macron: presidente francês ameaçou não fechar acordo entre União Europeia e Mercosul (Koji Sasahara/Reuters)

Macron: presidente francês ameaçou não fechar acordo entre União Europeia e Mercosul (Koji Sasahara/Reuters)

A

AFP

Publicado em 27 de junho de 2019 às 21h46.

A França não assinará o longamente negociado acordo entre o Mercosul e a União Europeia se o Brasil se retirar do Acordo Climático de Paris, alertou o presidente francês, Emmanuel Macron.

Negociadores dos dois blocos estão tentando fechar um acordo e superar obstáculos importantes, incluindo a ambivalência do presidente Jair Bolsonaro a respeito do acordo assinado em 2015, que compromete os 195 países signatários a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global.

"Eu não quero negociar acordos com pessoas que não seguem o Acordo de Paris", disse Macron na noite de quinta-feira no Japão, a caminho da cúpula do G20, em Osaka.

"Se o Brasil deixar o Acordo de Paris, não poderemos assinar acordos comerciais com eles", acrescentou.

"A razão é simples: nós estamos exigindo dos nossos fazendeiros que parem de usar pesticidas, de nossos negócios que reduzam as emissões. Isso tem um custo competitivo", acrescentou Macron.

A afirmação do presidente francês sucede as declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, que já está em Osaka para a cúpula do G20, que disse que queria ter uma "conversa direta" com Bolsonaro sobre o "dramático" desmatamento na floresta amazônica.

Ativistas já exigiram que a UE interrompa as negociações comerciais com o Mercosul por alegados danos do governo brasileiro a suas florestas e seus povos originários.

Mas Merkel disse que a questão não atrasaria um acordo comercial.

"Eu acho que não concluir o acordo não é a resposta para o que está acontecendo no Brasil", disse ela antes de viajar ao Japão.

A UE está em negociações com o Mercosul (formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) há duas décadas, empacando reiteradamente no tema altamente sensível do mercado da carne.

Um acordo entre o Mercosul e a UE representaria um golpe ao protecionismo, em um momento em que o presidente americano, Donald Trump, recuou em acordos comerciais internacionais e está envolvido em uma nociva guerra de tarifas com a China.

Mas uma fonte próxima às negociações disse que as negociações ainda estão "no ar".

Acompanhe tudo sobre:Emmanuel MacronFrançaMercosulUnião Europeia

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor