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Melhor política industrial é acabar com isenção para compras internacionais, diz presidente da Fiemg

Em entrevista exclusiva à EXAME, Flávio Roscoe disse que o Brasil perdeu valores próximos ao gasto com o Bolsa Família com a isenção

Roscoe: Executivo defende o fim da isenção de compras de até US$ 50 (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 15 de março de 2024 às 14h31.

Última atualização em 4 de novembro de 2024 às 15h33.

Flávio Roscoe, presidente da Federação das indústrias de Minas Gerias (Fiemg), avalia que, para além da Nova Indústria Brasil, o governo pode implementar medidas simples para estimular o crescimento da indústria brasileira. A principal, segundo o executivo, é o fim da isenção do imposto de importação para compras de até US$ 50.

"Se você me perguntar qual seria a política industrial mais efetiva no Brasil hoje, eu diria que étributar imediatamente as empresas do Remessa Conforme. Porque a isenção mata o varejo, mata a indústria também. A isenção acaba com toda a cadeia produtiva, o canal de distribuição, o acesso e cultura de compra e os produtos industriai. Cria uma situação de competição não isonômica", disse Roscoe durante entrevista ao programa Macro em Pauta, da EXAME.

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A taxação de compras em sites internacionais, como Shein, Shopee e AliExpress, é uma das principais reclamações do setor produtivo brasileiro, que alega que a medida vai diminuir o crescimento do país e acabar com empregos. O executivo afirmou que com a isenção das compras de até US$ 50 o Brasil tem um vazamento do PIB, valores que deixam de circular na economia, próximos de R$ 100 bilhões.

"Estamos com um vazamento do PIB de valores próximos do valor do Bolsa Família inteiro. Porque o produto não gera nada aqui no Brasil, vem todo importado e já chega perto do destino. Nem a logística interna fica no Brasil. E ele não paga tributo e concorre com todo mundo que produz no Brasil, inclusive com o varejo e sites brasileiros que pagam tributos", disse.

Empresas fraudavam o imposto brasileiro

Roscoe disse ainda que as empresas internacionais realizavam fraude no Brasil, por, antes do programa Remessa Conforme, utilizarem a brecha de envio de mercadorias entre pessoas físicas para mandar produtos ao Brasil.

"Existia uma irregularidade, uma fraude. Tinha que estar todo mundo preso. Se fosse empresário brasileiro estaria todo mundo na cadeia. Eles fraudavam o imposto brasileiro ao simularem que um chinês mandava 250 mil pacotes para um suposto parente ou amigo como um presente, quando isso na verdade era uma compra em um site internacional", afirmou.

O presidente da Fiemg afirmou ainda que a isenção precisa ser revertida o quanto antes para não impactar estruturalmente a economia do país. O executivo disse que indústrias e empresas estão sendo impactadas negativamente. "Vemos cotidianamente [empresas com dificuldades] por causa da isenção", disse.

Roscoe explicou que a forma de consumo do brasileiro está em constante mudança, e que se a isenção não acabar, as compras internacionais podem virar um hábito enraizado na cultura.

"Temos que mostrar para o cidadão brasileiro que, ao tributar apenas o produto produzido no Brasil, você está matando emprego, educação, saúde, os serviços públicos no geral. Obviamente deslocaremos o dinheiro brasileiro para o varejo internacional, e consequentemente, para outros países", concluiu.

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