Economia

Macri aposta em infraestrutura para combater recessão na Argentina

O presidente argentino corre para inaugurar projetos orçados em bilhões de dólares nos próximos meses, a tempo das eleições de outubro

Construção do Aeroporto Internacional Ezeiza, em Buenos Aires. Foto: Anita Pouchard Serra/Bloomberg (Anita Pouchard Serra/Bloomberg)

Construção do Aeroporto Internacional Ezeiza, em Buenos Aires. Foto: Anita Pouchard Serra/Bloomberg (Anita Pouchard Serra/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 19 de maio de 2019 às 08h00.

Última atualização em 19 de maio de 2019 às 08h00.

De novos terminais de aeroportos a estradas subterrâneas e ferrovias elevadas, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, corre para inaugurar projetos de infraestrutura orçados em bilhões de dólares nos próximos meses, a tempo das eleições de outubro.

Inaugurações de obras durante campanhas eleitorais são uma antiga estratégia política. No entanto, essas seriam as poucas conquistas que Macri, que tenta um segundo mandato este ano, poderia exibir em um país mergulhado em uma recessão profunda e devastado por uma inflação anual de 55%.

É muito cedo para dizer se a estratégia vai conseguir aumentar suas chances de reeleição. A crise econômica que culminou no ano passado em um criticado acordo com o Fundo Monetário Internacional prejudicou tanto o índice de aprovação de Macri que, em recentes pesquisas de opinião, o presidente está praticamente empatado com sua antecessora e provável candidata Cristina Fernández de Kirchner.

"Se os eleitores conseguirem ver através do muro de problemas econômicos, as obras públicas vão favorecer Macri", disse Juan Germano, diretor da Isonomia, uma consultoria em Buenos Aires. “Como engenheiro, obras públicas são parte de sua identidade.”

As obras fazem parte do plano original de Macri de investir US$ 35 bilhões em projetos de infraestrutura com uma combinação de dinheiro público e privado, bem como financiamento de instituições multilaterais. Esse objetivo será difícil de alcançar, já que o governo foi forçado a reduzir os gastos de capital em mais de 30% no orçamento deste ano para cumprir os termos do acordo com o FMI.

As parcerias público-privadas também não funcionaram tão bem quanto esperado. Algumas delas foram suspensas quando o financiamento do mercado secou, disse Matias Surt, economista da consultoria Invecq, com sede em Buenos Aires.

No entanto, o governo decidiu não interromper as obras já em andamento, e os projetos iniciados quando Macri assumiu a presidência em dezembro de 2015 agora estão a todo vapor.

Trabalhos Inauguração Investimento Viaduto Mitre 10 de maio US$ 160 mi Paseo Del Bajo Final de maio US$ 672 mi Novas estações de metrô 27 de maio US$ 98 mi Viaduto San Martin 1 de julho US$ 237 mi Túnel de água Arroyo Vega 1 de julho US$ 298 mi Terminal do Aeroporto Internacional e estacionamento Meados de setembro US$ 179 mi

Em breve, os passageiros de transporte aéreo vão se beneficiar de um novo terminal de embarques e um estacionamento será construído no aeroporto internacional de Ezeiza, com investimentos de US$ 179 milhões, financiado em parte por taxas aeroportuárias. Outros 17 aeroportos argentinos estão sendo modernizados, como os que atendem o Parque Nacional das Cataratas do Iguaçu e a estação de esqui de Bariloche.

"Este é o programa de investimentos mais ambicioso de nossa história", disse Martin Eurnekian, presidente da Aeropuertos Argentina 2000, empresa que administra mais de 30 aeroportos no país.

Os projetos mais visíveis estão na capital da Argentina e na província de Buenos Aires, que respondem por 45% dos eleitores do país.

Entre eles, há uma rodovia subterrânea de sete quilômetros que deve reduzir drasticamente o tempo de deslocamento no centro de Buenos Aires. Com seu projeto inicial elaborado há mais de quatro décadas atrás, o "Paseo del Bajo", orçado em US$ 672 milhões, foi construído com recursos públicos e financiamento do CAF, o banco de desenvolvimento da América Latina.

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