Economia

Lula exige prazo maior para Espanha e Grécia

Em discurso no congresso do IG Metall, o sindicato alemão do metal, o político e ex-sindicalista se aprofundou nas causas da crise da dívida

O ex-presidente Lula fala de crise: "Quando os magnatas do sistema financeiro ganham, não dividem; mas quando perdem, as perdas afetam todos", criticou (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

O ex-presidente Lula fala de crise: "Quando os magnatas do sistema financeiro ganham, não dividem; mas quando perdem, as perdas afetam todos", criticou (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

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Da Redação

Publicado em 7 de dezembro de 2012 às 16h00.

Berlim - O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva exigiu nesta sexta-feira em Berlim um maior prazo para que Espanha e Grécia consolidem suas contas públicas, alegando que o forte ajuste que estão implementando "favorece a recessão".

Em discurso no congresso do IG Metall, o sindicato alemão do metal, o político e ex-sindicalista se aprofundou nas causas da crise da dívida e nas fórmulas empregadas para combatê-la.

Lula alertou que o "ajuste acelerado" exigido pela Comissão Europeia (órgão executivo da UE) a Atenas e Madri "favorece a recessão e o surgimento de mais problemas", que estão pondo em questão "conquistas já alcançadas" em nível social e laboral.

"Temo que na Europa haja vozes que começam a negar a União Europeia. A União Europeia é patrimônio da humanidade, é a superação de 1.500 anos de conflitos", assegurou Lula.

Em seu discurso, o ex-presidente criticou sem dificuldades as políticas de austeridade aplicadas na Europa em crise e pediu resgatar as pessoas, fomentando o crescimento e o emprego, em vez dos bancos.

Segundo sua opinião, "a saída da crise passa por manter o emprego e estimular o crescimento e não com ajustes que castigam os empregados".

Lula apontou neste sentido que as decisões estipuladas nas reuniões de Londres e Seul do Grupo dos 20, no qual o Brasil participa, referentes à promoção do emprego e ao desenvolvimento econômico "não foram implementadas".


Além disso, exigiu da classe política europeia que "perca o medo de exercer o poder democrático" e escute as pessoas, que se preocupe mais com o cidadão humilde que com as instituições financeiras com problemas.

"Quando os magnatas do sistema financeiro ganham, não dividem; mas quando perdem, as perdas afetam todos", criticou.

Lula comparou também a "era de paz e progresso" que a América Latina está vivendo na atualidade - e que não vivia há muito tempo" - com a situação da Europa, que atravessa "uma era nervosa e apreensiva, principalmente para a juventude".

Em relação ao Brasil, o ex-presidente se mostrou otimista, convencido de que a maior economia latino-americana pode chegar a ser a quinta mais potente do mundo, um marco que "só interessa" se isso "servir para melhorar a vida do povo".

Depois deste discurso para cerca de 400 delegados do IG Metall, Lula foi a um debate organizado pela fundação Friedrich-Ebert, próximo ao Partido Social-Democrata Alemão (SPD), e se reuniu com dois de seus líderes, o candidato à Chancelaria para 2013, Peer Steinbrück, e o chefe do grupo parlamentar, Franz-Walter Steinmeier.

Após sua passagem pela Alemanha, está previsto que Lula viaje a Paris, onde na segunda-feira participará de um seminário sobre assuntos econômicos e sociais, do qual também participarão os presidentes da França, François Hollande, e Brasil, Dilma Rousseff, que estará de visita oficial ao país.

Na próxima quinta-feira 13, por último, o ex-presidente brasileiro irá a Barcelona, onde receberá o Prêmio Internacional Catalunha, que lhe foi concedido em março passado por seu trabalho em favor da redução da pobreza e das desigualdades sociais. 

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