Economia

Lojas têm o maior estoque em dez anos

Em abril, 28,3% das companhias do varejo acumulavam um volume de estoques acima do ritmo de vendas


	Consumidora caminha diante de loja de roupas: é projetado crescimento de apenas 0,5% das vendas do Dia das Mães, o menor resultado desde 2004
 (REUTERS/Sergio Moraes)

Consumidora caminha diante de loja de roupas: é projetado crescimento de apenas 0,5% das vendas do Dia das Mães, o menor resultado desde 2004 (REUTERS/Sergio Moraes)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2015 às 09h06.

São Paulo - Nem as vendas do Dia das Mães, a mais importante data para o varejo no primeiro semestre, devem trazer um alívio para um grande número de empresas do comércio que acumulam um volume de estoques indesejáveis.

Em abril, 28,3% das companhias do varejo acumulavam um volume de estoques acima do ritmo de vendas.

É a maior marca de empresas com estoques encalhados da série histórica iniciada em março de 2011, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

"A velocidade de vendas na ponta está aquém dos estoques que os varejistas contrataram", observa o economista da CNC, Fábio Bentes. Ele projeta crescimento de apenas 0,5% das vendas do Dia das Mães, o menor resultado desde 2004, quando houve um recuo de 1,9%.

Esse descompasso entre os estoques e as vendas é maior especialmente nos bens duráveis (31,6%), que são os itens de maior valor, normalmente vendidos a prazo e dependentes do crédito, que está mais caro por causa da subida dos juros para conter o avanço da inflação. As vendas de móveis e de eletrodomésticos devem recuar 2,8% no Dia das Mães, aponta a CNC.

Essa freada nos itens de maior valor e dependentes de crédito já foi sentida nas Lojas Cem, rede varejista especializada em eletroeletrônicos, eletrodomésticos e móveis.

"Os negócios deram uma retraída nos últimos dois meses", conta o supervisor geral, José Domingos Alves. A projeção inicial da rede era crescer 20% em relação à mesma data de 2014, mas foi reduzida para 5%.

Alves diz que não há muito o que fazer em termos de condições de pagamento para impulsionar os negócios, uma vez que o desemprego está aumentando e o consumidor ficou mais cauteloso. Ele acredita que o valor médio dos itens vendidos deve ser 15% menor em relação ao do ano passado, com retração dos produtos de maior valor.

Essa tendência já foi observada no primeiro trimestre. Segundo fontes do mercado, as vendas de geladeiras, fogões e lavadoras, caíram 15% em relação ao primeiro trimestre de 2014.

Nas TVs, outra linha de produto de alto valor, a retração anual no primeiro trimestre foi ainda maior, de 20%. Neste caso, além da recessão, o resultado foi afetado pela base de comparação forte, que foi a Copa do Mundo de 2014, que puxou as vendas de TVs no primeiro trimestre.

Compensação

A compensação parcial da queda nas vendas de itens mais caros e dependentes de crédito pode ocorrer por conta dos artigos de perfumaria e telefone celular, que ainda é objeto de desejo de muitos brasileiros.

Segundo a CNC, as vendas de itens de perfumaria vão crescer 7,8% no Dia das Mães

Brian Drummond, gerente de marketing da Mahogany, rede varejista com 160 lojas de perfumaria espalhadas pelo País, está otimista com as vendas no Dia das Mães.

"Vamos crescer 8% em relação ao Dia das Mães do ano passado", prevê.

Ele sustenta essa projeção de crescimento em vários fatores. O primeiro é que, com o bolso mais apertado, o brasileiro procura comprar itens que se encaixem no orçamento mais apertado.

Outro fator que também contribui para as vendas de perfumaria é a alta do dólar, que encareceu os itens importados.

Drummond observa, no entanto, que mesmo sem crise e sem a alta do dólar, o mercado brasileiro é promissor. "O Brasil é primeiro mercado consumidor de fragrâncias do mundo, superando a França e os Estados Unidos em volumes e valores comercializados", diz.

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