Nota de libra: a saída do Reino Unido pressionaria a libra em vários frontes, diz David Page, economista sênior da AXA Investment Managers (Ben Stansall/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2016 às 12h49.
Londres - A libra registra forte queda nesta segunda-feira, após a notícia de que Boris Johnson, o popular prefeito de Londres, se tornou o político mais proeminente a defender a saída do Reino Unidos da União Europeia (UE).
O anúncio, feito no domingo, representa um golpe na campanha do primeiro-ministro David Cameron para manter o país dentro do bloco, especialmente após ele ter conseguido a aprovação da maior parte de suas demandas junto à UE. Johnson é do mesmo partido de Cameron e um possível sucessor do primeiro-ministro.
Às 12h01 (de Brasília), a libra cedia a 1,4107, queda de mais de 2% ante os US$ 1,4361 no final da tarde de sexta-feira, após tocar US$ 1,4066, o menor nível desde março de 2009. Já o euro avançava a £ 0,7822, de £ 0,7751 no final da semana passada.
"O mercado está obviamente levando em consideração os últimos acontecimentos políticos", disse Roger Hallam, analista da J.P. Morgan Asset Management.
As incertezas sobre a permanência do Reino Unido dentro da União Europeia, evento que ganhou a alcunha de "Brexit", vêm contribuindo para a desvalorização da libra ante outras moedas fortes desde o início do ano. Segundo analistas, a depreciação desta segunda-feira também reflete um certo desapontamento com o fato de que Cameron não conseguiu um acordo melhor.
A saída do Reino Unido pressionaria a libra em vários frontes, diz David Page, economista sênior da AXA Investment Managers.
Entre os efeitos de tal movimento, estariam um crescimento econômico significativamente menor para o país, fuga de capitais, menos investimentos diretos e a manutenção dos estímulos por parte do Banco da Inglaterra (BoE) por mais tempo.
"Toda vez que temos incertezas políticas, a moeda é o ativo mais impactado", disse Page.
Pesquisas recentes de opinião mostram que a maioria dos britânicos prefere manter o país dentro do bloco. A distância para os que preferem deixar a UE, no entanto, tem diminuído.
As incertezas em torno do referendo de 23 de junho tem levado operadores a elevarem suas apostas contra a libra, que acumula recuo de cerca de 4,3% ante o dólar e de 5,8% ante o euro desde o início do ano.
Os movimentos no mercado de câmbio lembram os do início de 2014, quando a Escócia realizou um referendo sobre a permanência no Reino Unido.
"Agora que os principais atores políticos deixaram claras suas posições, há bastante tempo para que a incerteza política ganhe relevância, principalmente em caso de maior acirramento das pesquisas de opinião", disse Tom Clarke, da corretora William Blair.