Economia

Liberem o crescimento!

Por que os paises ricos são ricos, e os pobres, pobres

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h28.

Para as autoridades de um país estagnado há três anos e ansioso pela estréia do tal espetáculo do crescimento, poucas coisas poderiam ser mais úteis do que dar uma boa lida num estudo recém-divulgado pelo Banco Mundial, "Fazendo Negócios em 2004". Perderiam na leitura algumas horas, mas ganhariam uma excelente aula sobre como devem agir os governos se a intenção é favorecer o crescimento. Os técnicos do banco debruçaram-se sobre um elemento central das economias: a interferência estatal no dia-a-dia das empresas. Eis os principais resultados:

  • Países desenvolvidos têm menos burocracia na hora de começar um negócio. Na Austrália, bastam dois dias para abrir uma empresa. Nos Estados Unidos, quatro. Quase tudo pode ser feito pela internet. Enquanto isso, empreendedores brasileiros que queiram abrir uma empresa precisam esperar 152 dias, como em Moçambique. O Congo é ainda mais lento: lá são necessários 215 dias, quase sete meses.
  • Há também diferença no custo: montar um negócio na Dinamarca sai de graça, mas em Serra Leoa é preciso pagar o equivalente a 13 vezes a renda anual per capita.
  • Nos países ricos é muito mais fácil fechar um negócio. O processo dura cerca de um ano no Canadá ou em Cingapura. Na Índia e no Brasil, pode levar uma década para cumprir todos os procedimentos legais.
  • A obtenção de financiamento também é mais rápida no mundo rico. Um dos motivos é que o emprestador tem muito mais chances de receber o seu de volta em caso de não pagamento. Na Alemanha ou nos Estados Unidos, em uma semana o credor consegue ter acesso às garantias do empréstimo. No Brasil ou no Chile, a mesma operação chega a levar cinco anos.
  • Contratar e demitir também é muito mais complicado nos países pobres. O que pode parecer uma defesa aos direitos dos trabalhadores na prática se traduz em desemprego ou informalidade. As leis são bem mais flexíveis em países como Inglaterra, Estados Unidos ou Nova Zelândia.

    Um simples olhar sobre quais são os países que regulam mais a economia e quais regulam menos ajuda a entender os efeitos econômicos. No primeiro grupo estão potências econômicas como Bolívia, Burkina Fasso, Chade, Costa Rica, Guatemala, Mali, Moçambique, Paraguai, Filipinas e Venezuela. No segundo, Austrália, Canadá, Dinamarca, Hong Kong, Jamaica, Holanda, Nova Zelândia, Cingapura, Suécia e Inglaterra. (A Jamaica está no segundo grupo porque adotou uma série de reformas econômicas recentes, mudando por completo seu ambiente de negócios.)

    A principal mensagem do estudo do Banco Mundial é que governos têm uma capacidade imensa de atrapalhar a vida das empresas e de sufocar o espírito empreendedor. As conseqüências são uma parcela maior da economia no setor informal, mais corrupção e menor produtividade. Ironicamente, é também nesses países mais regulados que faltam regras básicas do capitalismo, como a de garantir o direito à propriedade e o respeito a contratos. Como recomendação prática, fica a sugestão: que tal eliminar as regulações que operam contra o setor privado e focar aquelas que trabalham a favor?

    LEBRES E TARTARUGAS
    Veja quantos dias são necessários para abrir um negócio em
    diferentes países
    Os mais rápidosOs mais lentos
    Austrália
    2
    Venezuela
    119
    Canad
    3
    Zimbábue
    122
    Nova Zelândia
    3
    Burkina Fasso
    136
    Dinamarca
    4
    Angola
    146
    Estados Unidos
    4
    BRASIL
    152
    Porto Rico
    6
    Moçambique
    153
    Cingapura
    8
    Indonésia
    168
    Hong Kong
    11
    Laos
    198
    Letônia
    11
    Haiti
    203
    Holanda
    11
    Congo
    215

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