Economia

Hoje é um dia decisivo na Argentina — e, por tabela, no Brasil

ÀS SETE - Caso o governo argentino não consiga rolar parte da dívida hoje, pode haver uma saída elevada de dólares do país, piorando ainda mais a situação

BUENOS AIRES: dólar manteve escalada e chegou a quase 25 pesos nesta segunda-feira (Martin Acosta/Reuters)

BUENOS AIRES: dólar manteve escalada e chegou a quase 25 pesos nesta segunda-feira (Martin Acosta/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 15 de maio de 2018 às 07h03.

Última atualização em 15 de maio de 2018 às 08h29.

Há exatamente uma semana o presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou a volta do país ao Fundo Monetário Internacional, o FMI. Hoje, a Argentina tem novo dia decisivo em sua crise fiscal. Vencem nesta terça-feira cerca de 30 bilhões de dólares em Lebacs (Letras do Banco Central), títulos de curtíssimo prazo que são o principal meio de financiamento do governo argentino. É metade do estoque do país, ou o equivalente a 5% do PIB.

Às Sete – um guia rápido para começar seu dia

Leia também estas outras notícias da seção Às Sete e comece o dia bem informado:

Esses títulos têm preferencialmente validade de 35 dias. Foram lançados em abril com taxa anual de 26,3%, mas no mercado secundário rendem 40% — o juro básico mais alto do mundo, que subiu três pontos no dia 28, mais três no dia 4 e 6,75 no dia 5. Ou seja: o vencimento desta terça-feira mostra como os vizinhos estão andando na corda bamba.

Caso o governo não consiga rolar a dívida, pode haver uma saída elevada de dólares do país, piorando ainda mais a situação argentina. Ontem, o dólar bateu novo recorde no país, chegando a 25 pesos, mesmo com o Banco Central incentivando bancos comerciais a comprarem Lebacs. Na semana passada os bancos comerciais compraram cerca de 3 bilhões de dólares em Lebacs. O BC argentino queimou 5 dos 65 bilhões de dólares de suas reservas para segurar a depreciação do peso.

Mesmo que passe no teste de fogo desta terça-feira, como esperam analistas, Macri terá novo problema a encarar já no mês que vem, quando vencem mais 12 bilhões de dólares em títulos de curto prazo.

Um risco crescente, para analistas internacionais, é que a crise argentina se espalhe para além do Rio da Prata. Segundo reportagem do jornal The Wall Street Journal, a história de crises financeiras modernas mostra que elas costumam se originar em cantos obscuros do sistema financeiro (como a Tailândia ou as hipotecas americanas), são ignoradas de início e, de repente, irrompem.

O risco, diz o jornal, é que o que está acontecendo na Argentina se repita em outros países, com o possível fim de um ciclo de dinheiro fácil para mercados emergentes. Em 2017, eles receberam 1,2 trilhão de dólares. Caso o afluxo cesse, os países podem ter que aumentar as taxas de juros para se manter atrativos a investidores cada vez mais avessos aos riscos.

Seria um cenário preocupante para quem precisa de investimentos para crescer, como o Brasil. As Lebacs argentinas, portanto, são importantes também do lado de cá da fronteira.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaÀs SeteCrise econômicaExame HojeFMIMauricio Macri

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor