Economia

Ex-OMC vê risco de guerra comercial entre EUA e China, mas limitado

Ex-diretor-geral da OMC acredita que promessa de abertura chinesa à economia global vem no sentido de tentar conter o ímpeto de Trump

Lamy: "Há forças dentro da economia dos EUA que veem uma guerra comercial como danosa para a economia americana" (MN Chan/Getty Images)

Lamy: "Há forças dentro da economia dos EUA que veem uma guerra comercial como danosa para a economia americana" (MN Chan/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de abril de 2018 às 19h22.

Última atualização em 16 de abril de 2018 às 19h29.

São Paulo - O ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Pascal Lamy avalia que o risco de guerra comercial entre Estados Unidos e China existe, porém é limitado muito mais por causa da postura "racional" de Pequim que da forma como Washington conduz a política externa.

"Há forças dentro da economia dos EUA que veem uma guerra comercial como danosa para a economia americana. A segunda razão é porque os chineses são extremamente racionais e eles têm se comportado na direção de não haver uma escalada de tensões", afirmou Lamy, em coletiva de imprensa nesta tarde de segunda-feira, 16, em São Paulo.

Lamy acredita ainda que a postura do presidente da China, Xi Jinping, de prometer uma maior abertura à economia global vem no sentido de tentar conter o ímpeto do homólogo americano, Donald Trump. "Trump parece ter gostado do que Xi prometeu na semana passada, de abrir o país. Mas pode ter mudado de ideia. Não acompanho o Twitter a cada minuto", comentou.

Na avaliação do ex-diretor-geral da OMC, é incerto imaginar o que Trump anseia para o órgão. "Ainda não é possível saber o que Trump está buscando - se são vantagens comerciais específicas para os EUA ou se ele quer implodir a OMC, para voltar ao antigo modelo de negociações comerciais bilaterais. Essa é a grande questão", disse.

Diante desse impasse, Lamy, que deixou a OMC em 2013 e atualmente é consultor de geopolítica, traça dois cenários possíveis para as tensões comerciais.

Em um deles, vai prevalecer a ideia dos EUA e os países terão de negociar bilateralmente com Washington. Em outro, a OMC e o sistema de comércio mundial multilateral sai fortalecido. "Ainda é imprevisível. Não temos a resposta", disse.

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