O Brasil não deve esperar nenhum fato internacional favorável no primeiro semestre de 2003. Essa é a opinião do diplomata Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores. "Vai haver guerra. Acredito que estejamos a poucas semanas de um ataque ao Iraque de forças comandadas pelos Estados Unidos", disse Lampreia nesta segunda-feira (27/1).

O diplomata listou algumas conseqüências de uma nova Guerra do Golfo: se o combate se prolongar com uma guerra de guerrilha e uma perseguição a Hussein pelas cidades iraquianas, os EUA enfrentarão um sério problema político. Mesmo se ocorrer uma deposição ou eliminação rápida do presidente iraquiano, não haverá nenhuma vantagem imediata perceptível. O terrorismo não recuará e poderá lançar novas ofensivas, como vingança. A tensão entre israelenses e seus vizinhos árabes continuará, principalmente com a provável reeleição do primeiro-ministro Ariel Sharon.

Além disso, não há perspectiva de que os três grandes pólos da economia mundial EUA, Europa e Japão voltem logo a crescer. Com suas economistas estagnadas, é difícil imaginar que EUA e Europa farão qualquer abertura comercial apetitosa para o Brasil nos próximos meses, em áreas como siderurgia e agricultura. Não há nada de alentador no quadro internacional neste momento , afirmou Lampreia, ao participar do seminário Governo Lula: perspectivas para o primeiro semestre , promovido pela consultoria política Arko Advice.