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Karnal: as melhores perguntas

Para discutir o futuro – do país, do mundo ou mesmo de nossas vidas cotidianas –, mais importante que procurar respostas, o melhor caminho é melhorar as perguntas. Essa é a análise de Leandro Karnal, doutor em história social pela USP e professor da Unicamp. Karnal foi o primeiro palestrante do fórum A Revolução do […]

LEANDRO KARNAL: “O mundo não era melhor sem a internet nem é pior com ela. Ele é apenas diferente.” / Veja.com
DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 11h47.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h24.

Para discutir o futuro – do país, do mundo ou mesmo de nossas vidas cotidianas –, mais importante que procurar respostas, o melhor caminho é melhorar as perguntas. Essa é a análise de Leandro Karnal, doutor em história social pela USP e professor da Unicamp. Karnal foi o primeiro palestrante do fórum A Revolução do Novo, realizado em parceria entre as revistas VEJA e EXAME.

O professor foi convidado a desenvolver o tema “como as redes sociais aproximam e distanciam as pessoas” – e, para ilustrar seu raciocínio sobre a precisão das perguntas, questionou o próprio tema. “Quem faz essa pergunta deixa claro que é um baby-boomer (nascido após a Segunda Guerra Mundial), que tem entre 45 e 65 anos”, disse. “É uma questão que, para as novas gerações, simplesmente não existe.”

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A idealização do passado dificulta o debate sobre as relações humanas na era das redes sociais e do “pós-verdade”, raciocina o professor. “Fala-se que ‘antigamente as famílias conversavam mais’”, diz. “Mas a barbárie do fascismo, os horrores de Auschwitz, foram feitos sem a internet. O mundo não era melhor sem a internet nem é pior com ela. Ele é apenas diferente.”

Os fossos geracionais ficam evidentes em episódios prosaicos, como o cancelamento de uma conta no Facebook ser encarado por novas gerações como um sinônimo de perda de todas as amizades. “Dou aula há 34 anos, e meus alunos não são menos capazes hoje”, afirma Karnal. A aceleração das mudanças, acredita o professor, é tão grande que os paradigmas não mudam mais de uma geração a outra, mas em uma mesma geração – e várias vezes.

Assim, por mais que o acesso à informação tenha crescido, o exercício de tentar adivinhar como será o futuro continua tão difícil quanto sempre foi. “Não temos como adivinhar o futuro”, diz. “Mas é certo afirmar que as pessoas mais bem preparadas para o que está por vir são as que conseguem fazer as melhores perguntas.”

 

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