Economia

Juros negativos criam risco de filas para saques, diz ex-BOE

Alerta vem no momento em que o banco central britânico avalia se as instituições financeiras do Reino Unido podem implementar juros negativos

Mervyn King: o ex-presidente do Banco da Inglaterra disse que uma questão maior é a dependência contínua na política monetária como solução para a fraqueza econômica (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Mervyn King: o ex-presidente do Banco da Inglaterra disse que uma questão maior é a dependência contínua na política monetária como solução para a fraqueza econômica (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

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Bloomberg

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 13h50.

Mervyn King, ex-presidente do Banco da Inglaterra, disse que existe o risco de as pessoas sacarem dinheiro das contas para guardá-lo em casa se as taxas de juros forem reduzidas para menos de zero.

O alerta vem no momento em que o banco central britânico avalia se as instituições financeiras do Reino Unido podem implementar juros negativos sem prejudicar seus negócios, ou se tal medida sairia pela culatra ao diminuir a confiança dos consumidores.

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King disse que juros negativos precisam ser repassados aos poupadores para que funcionem.

“Assim que isso acontecer, acho que devemos esperar uma longa fila de clientes tentando sacar dinheiro do banco e guardá-lo debaixo do colchão, ou pelo menos em um novo cofre doméstico”, disse King em entrevista à Bloomberg Television na segunda-feira. “Não acho que seja uma perspectiva politicamente atraente.”

O atual presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, disse que juros abaixo de zero não são iminentes, mas parlamentares querem ter a ferramenta pronta para o caso de uma medida tão drástica ser necessária.

O Banco Central Europeu implementou a política em 2014, e bancos da zona do euro, em grande parte, evitaram repassá-los aos correntistas de varejo. Como resultado, embora não haja evidência generalizada de acumulação de dinheiro, a rentabilidade dos bancos foi reduzida.

King também disse que uma questão maior é a dependência contínua na política monetária como solução para a fraqueza econômica, quando grande parte do problema está relacionada a questões estruturais mais amplas que exigem outras medidas.

“Alguém de fora que olhasse a economia mundial como está hoje diria: ‘Você teve a política monetária mais expansionista em 10 anos, mas, ainda assim, o crescimento ainda foi muito lento’”, disse, destacando que é preciso buscar alternativas. “São outras questões e ferramentas de política, em particular a necessidade de realocar recursos de uma parte da economia para outra.”

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