Economia

Juros fecham em baixa após tuíte de Bolsonaro sobre Previdência

Apesar da escalada da moeda ante o real, as taxas, em geral, estiveram bem comportadas durante o dia

Após as críticas de que Bolsonaro ainda não havia assumido a reforma publicamente, dando preferência a temas bem menos relevantes em suas recentes postagens no Twitter, no fim da tarde ele tocou no assunto (Simon Dawson/Bloomberg/Bloomberg)

Após as críticas de que Bolsonaro ainda não havia assumido a reforma publicamente, dando preferência a temas bem menos relevantes em suas recentes postagens no Twitter, no fim da tarde ele tocou no assunto (Simon Dawson/Bloomberg/Bloomberg)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de março de 2019 às 18h56.

São Paulo — Os juros futuros oscilaram em torno dos ajustes anteriores durante a maior parte do dia, apesar do forte avanço do dólar nesta quinta-feira (7), para encerrarem a sessão estendida em queda e nas mínimas em alguns contratos. No meio da tarde, as taxas até ensaiaram se firmar em alta e renovaram máximas, num momento em que a moeda americana também atingia os maiores níveis da sessão até então, mas o movimento posteriormente arrefeceu e as taxas fecharam a jornada regular perto dos ajuste de quarta-feira. Já na etapa estendida, houve um alívio na curva, atribuído a um tuíte do presidente Jair Bolsonaro sobre a reforma da Previdência no fim do dia.

No fechamento das 18h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou a 6,465% (mínima), de 6,485% na quarta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 também encerrou na mínima, de 7,15%, ante 7,192% do ajuste de quarta. A taxa do DI para janeiro de 2023 passou de 8,352% para 8,32%. A taxa do DI para janeiro de 2025 encerrou em 8,86%, também na mínima, de 8,912% na quarta no ajuste.

Apesar da escalada da moeda ante o real, as taxas, em geral, estiveram bem comportadas durante o dia. "O real está apanhando muito hoje (quarta), mas o contágio para os juros é limitado, o que se explica pela conjuntura econômica", disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, referindo-se à fraqueza da atividade, que desestimula o repasse cambial para os preços. Para ele, "é preciso uma pancada muito forte no câmbio para contaminar a inflação".

O dólar teve avanço generalizado, sobretudo ante moedas de economias emergentes e contra o euro. O gatilho foi o Banco Central Europeu (BCE), que, após reunião de política monetária, anunciou revisão para baixo das projeções de crescimento e inflação da zona do euro e anunciou ainda que fará uma terceira rodada de Operações de Refinanciamento de Prazo Mais Longo Direcionadas (TLTROs, na sigla em inglês), que são empréstimos de baixo custo destinados a bancos.

"Draghi induziu o mercado a achar que o crescimento mundial é mesmo muito fraco e o risco Brexit agora parece que pegou de vez", avaliou o estrategista de renda fixa da Coinvalores, Paulo Nepomuceno. Esse quadro de pessimismo com a economia na Europa eleva as preocupações com a desaceleração da economia global o que, para o mercado de juros, significa que "não vamos importar inflação de lugar nenhum", diz Nepomuceno.

Após as críticas de que Bolsonaro ainda não havia assumido a reforma publicamente, dando preferência a temas bem menos relevantes em suas recentes postagens no Twitter, no fim da tarde ele tocou no assunto. Ele publicou em sua conta na rede social que "a reforma combate privilégios como aposentadoria especial de políticos e inclui militares" e que "o modelo de Previdência elaborado por nosso time econômico segue padrões mundiais". O mercado reagiu positivamente, com as taxas indo às mínimas na etapa estendida. "Com o dólar a R$ 3,90, o mercado educa...", disse um gestor.

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