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Japão passa à ofensiva no comércio internacional

Após a saída dos EUA, o Japão aceitou o desafio e cumpriu um papel primordial na concretização do novo Acordo de Associação Transpacífico

Japão: o país almeja um crescimento de 1,5% do seu PIB graças ao tratado (Tomohiro Ohsumi/Getty Images)
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AFP

Publicado em 7 de março de 2018 às 17h00.

Após a saída dos Estados Unidos, em janeiro de 2017, o Japão aceitou o desafio e cumpriu um papel primordial na concretização do novo Acordo de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), que deve ser assinado nesta quinta-feira no Chile.

Tradicionalmente na "defensiva" em negociações comerciais, essa "é a primeira vez que o Japão tem um papel ativo", declarou em fevereiro Kazuyoshi Umemoto, principal negociador japonês do novo Tratado Integral e Progressivo de Associação Transpacífico" (CPTPP, na sigla em inglês).

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Contudo, um ano antes, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, tinha afirmado que, sem os Estados Unidos, "o TPP não faz sentido".

A saída da maior potência econômica mundial certamente limitou o alcance do tratado, mas "mesmo sem os Estados Unidos, os benefícios não desapareceram", afirmou Kensuke Yanagida, pesquisador do instituto japonês de Assuntos Internacionais.

O Japão almeja um crescimento de 1,5% do seu PIB graças a este tratado, que aumentará as oportunidades das empresas japonesas nos países signatários, especialmente porque a China e a Coreia do Sul, outras duas grandes potenciais regionais, não fazem parte do acordo.

Melhorar a competitividade das empresas japonesas, especialmente nos setores em que são historicamente dominantes (informática e eletrônica, entre outros), é um dos principais desafios para a terceira maior economia mundial.

Disputa com a China

Após o acordo assinado com a União Europeia, este é o segundo tratado de livre-comércio concluído nos últimos meses pelo governo de Shinzo Abe.

Os acordos permitem ao Japão mover suas fichas na região Ásia-Pacífico frente à China, que multiplica suas iniciativas para estender sua influência.

"Este acordo muda a paisagem regional, porque agora há dois atores, e não apenas um, intensificando sua ação na diplomacia econômica", considera Mireya Solis, do centro de pesquisa Brookings Institution, de Washington.

Abandonar o TPP após a saída dos Estados Unidos teria aberto o caminho para a China tornar seu projeto de Associação Econômica Integral Regional (RCEP, na sigla em inglês) na única referência.

A RCEP almeja reagrupar os dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e seus sócios na região (China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Austrália e Nova Zelândia), mas exclui os Estados Unidos.

Como o CPTPP, a RCEP quer liberar o comércio, mas com menos ambições em matéria de normas de regulamentação, sobretudo no âmbito social e de meio-ambiente.

Para o Japão, seria importante "elaborar regras de intercâmbio e de investimento na Ásia e evitar que a China fizesse isso", afirma Tobias Harris, vice-presidente da sociedade de conselho Teneo Intelligence.

Recuperar os Estados Unidos

O Japão também quer se opôr à China e suas Novas Rotas da Seda, um conjunto de ambiciosos projetos de infraestruturas terrestres e marítimas de um montante de bilhões de dólares na Ásia, na Europa e na África.

Os nipônicos prometeram em 2015 investir 110 bilhões de dólares em cinco anos na Ásia para desenvolver infraestrutura.

Tóquio também se associou à Índia para aumentar os intercâmbios entre Ásia e África.

"A longo prazo, é importante para o Japão enfrentar a estratégia da China e sua iniciativa das Novas Rotas da Seda", garante Kensuke Yanagida.

Para isso, o Japão espera que um dia os Estados Unidos, aliado histórico, voltem ao CPTPP.

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