Batata frita: escassez é prova do férreo protecionismo que o Japão exerce sobre seus produtos agrícolas (Sufi Nawaz/Stock Xchnge/Reprodução)
EFE
Publicado em 1 de maio de 2017 às 10h35.
Tóquio - Uma crise de escassez de batatas fritas no Japão, produto cujo preço sofreu fortes aumentos e sumiu das prateleiras dos supermercados, pôs em evidência o férreo protecionismo que o país exerce sobre seus produtos agrícolas.
Um saquinho de batatas sabor pizza do principal produtor no Japão, a Calbee, era ofertada hoje, quase um mês depois de começar a escassez destes tubérculos, a 3.000 ienes (25 euros) no site de leilões Yahoo Japan, quando seu preço habitual é inferior a 200 ienes (1,70 euro).
A companhia, que ostenta mais da metade da parcela de mercado no arquipélago japonês, anunciou no dia 10 de abril uma suspensão da produção desta e de outras 14 variedades de batatas fritas - sem data de reatamento - devido à escassa colheita do outono passado (hemisfério norte) no norte do arquipélago, atingido por vários tufões durante 2016.
Além dos problemas climatológicos, acrescentam-se as dúvidas dos agricultores de cultivar o tubérculo específico para a produção das batatas fritas, diferente das batatas de mesa, que são plantadas em sua maioria na ilha de Hokkaido.
Em 2014 e 2015, aconteceu uma situação parecida, quando a queda da produção de leite na mesma região levou a um período de escassez de manteiga.
O mercado no Japão é muito protecionista e impõe barreiras à entrada de produtos agrícolas de outros países.
Por isso, as companhias que produzem batata frita têm muitas dificuldades na hora de importar batatas frescas pelo sistema de inspeção vegetal e de quarentena dependente do Serviço de Saúde Vegetal do Ministério e Agricultura, Pesca e Alimentos.
Tóquio argumenta que a sujeira das batatas frescas poderia introduzir pragas e representa um risco para as fazendas japonesas.
O Japão só começou a importar batatas em 2006, devido à insistência dos Estados Unidos, um dos principais exportadores do tubérculo.