Economia

Japão entra em recessão após queda de 7,8% do PIB no 2º trimestre

Esta é a primeira recessão da terceira maior economia do mundo desde 2015

Japão: PIB registrou queda pelo 3º trimestre consecutivo (Issei Kato/Reuters)

Japão: PIB registrou queda pelo 3º trimestre consecutivo (Issei Kato/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de agosto de 2020 às 06h33.

Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 15h12.

O PIB do Japão caiu 7,8% entre abril e junho em comparação com o primeiro trimestre, devido ao impacto da pandemia do novo coronavírus, um resultado negativo histórico, que se soma aos dos trimestres anteriores.

A contração de 7,8% no segundo trimestre, de acordo com dados preliminares divulgados nesta segunda-feira pelo governo japonês, foi a terceira seguida, após as registradas no primeiro trimestre (-0,6%) e nos últimos três meses de 2019 (-1,9%), que levaram a terceira maior economia do mundo à recessão.

Esta é a primeira recessão do Japão desde 2015, definida por uma contração da economia durante dois trimestres consecutivos.

Também é a queda mais expressiva do PIB japonês desde o início do registro dos dados comparativos em 1980.

Menos afetado que Europa e EUA

A economia do arquipélago, que já estava em dificuldades no último trimestre de 2019 pelo aumento do IVA em outubro, foi impactada pela pandemia nos primeiros três meses de 2020.

No segundo trimestre, as atividades sofreram com o estado de emergência decretado no país em abril e maio, que provocou um revés para o consumo, que teve contração de 8,6% no período, enquanto os investimentos das empresas caíram 0,2% (bens imóveis) e 1,5% (outros setores).

As exportações também caíram 18,5% e as importações 0,5%, enquanto os investimentos públicos registraram contração no primeiro trimestre, mas aumentaram 1,2% entre abril e junho.

O Japão, com balanço de quase 54.000 casos e cerca de mil mortes provocadas pela COVID-19, foi menos afetado que a maioria dos países europeus e os Estados Unidos.

O impacto do estado de emergência nipônico, que apelou à cooperação voluntária dos cidadãos e empresas, também foi menor que em outros países ricos.

A Eurozona registrou contração de 12,1% do PIB no segundo trimestre, afetada sobretudo por quedas expressivas das economias da França, Itália e Espanha, enquanto o PIB dos Estados Unidos desabou 32,9% no  segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, o pior desempenho da economia americana desde o início dos registros em 1947.

Apesar do aumento de novos casos diários de infecção desde julho, o governo japonês reluta em recorrer a um novo confinamento, por temer os efeitos negativos na economia.

A queda do PIB no segundo trimestre é atribuída em particular ao estado de emergência de abril e maio. Os dados mostram resultados melhores a partir de junho, destacam analistas, que acreditam no início de uma recuperação no período julho-setembro.

Para atenuar o impacto econômico da pandemia, o governo japonês anunciou dois planos de recuperação de dimensão histórica, que incluem 100.000 ienes (US$ 939) para cada residente no país. O auxílio tinha como objetivo estimular o consumo durante o verão.

Apesar das medidas, Naoya Oshikubo, economista do SuMi Trust, acredita que a recuperação será "modesta" e apenas em 2022 o PIB deve recuperar o nível anterior ao coronavírus.

A recuperação também pode ser prejudicada pela enfraquecida demanda por exportações japonesas nos países duramente afetados pela pandemia.

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