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Já sob efeito do coronavírus e isolamento, PIB cai 1,5% no 1º trimestre

Resultados da economia brasileira divulgados pelo IBGE já incorporam agravamento da pandemia e início do isolamento social em março

Pedestre usando máscara protetora segura um guarda-chuva enquanto passa por lojas temporariamente fechadas no Rio de Janeiro. 7 de maio de 2020. (Andre Coelho/Bloomberg)

Ligia Tuon

Publicado em 29 de maio de 2020 às 09h00.

Última atualização em 29 de maio de 2020 às 17h21.

O Produto Interno Bruto ( PIB ) brasileiro caiu 1,5% no primeiro trimestre de 2020 em relação ao trimestre anterior, já afetado pela pandemia do novo coronavírus e o distanciamento social, informou o IBGE nesta sexta-feira, 29.Em comparação com igual período de 2019, a economia brasileira teve variação negativa de 0,3%.

O fraco desempenho dos indicadores em março, quando a doença se agravou no país, foi suficiente para comprometer o resultado do primeiro trimestre como um todo. A expectativa, no entanto, é que a maior parte dos efeitos apareça no segundo trimestre, atualmente em curso.

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A queda interrompe uma sequência de quatro trimestres seguidos de crescimento e marca o menor resultado desde o segundo trimestre de 2015 (-2,1%). Com isso, o PIB está em patamar semelhante ao que se encontrava no segundo trimestre de 2012.

“Aconteceu no Brasil o mesmo que ocorreu em outros países afetados pela pandemia, que foi o recuo nos serviços direcionados às famílias devido ao fechamento dos estabelecimentos. Bens duráveis, veículos, vestuário, salões de beleza, academia, alojamento, alimentação sofreram bastante com o isolamento social”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, em nota.

O consumo das famílias, que responde por 65% do PIB, teve a maior queda (-2%) desde a crise do apagão em 2001, enquanto o consumo do governo ficou praticamente estável.

Os investimentos cresceram 3,1%, puxados pela importação líquida de máquinas e equipamentos pelo setor de petróleo e gás. Já a balança comercial brasileira teve uma queda de 0,9% nas exportações com alta de 2,8% nas importações.

O resultado veio em linha com o esperado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), mas pior do que a projeção de instituições como o Bradesco (-1%) e Itaú BBA (-0,5%).

Setores

O destaque negativo entre os serviços, setor mais relevante na economia brasileira e mais afetado pelo isolamento, foi em transporte, armazenagem e correio (-2,4%) e informação e comunicação (-1,9%).

Mas também houve queda no comércio (-0,8%), administração, saúde e educação pública (-0,5%), intermediação financeira e seguros (-0,1%). A única alta veio das atividades imobiliárias (0,4%).

Já na indústria, a queda foi puxada pelo setor extrativo (-3,2%). Também tiveram taxas negativas a construção (-2,4%), as indústrias de transformação (-1,4%) e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-0,1%).

Aagropecuária cresceu 0,6% em relação ao trimestre anterior. Na comparação anual, o setor apresenta crescimento de 1,9%. A evolução, segundo o IBGE, pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos da lavoura com safra relevante no primeiro trimestre, como a soja, e pela produtividade, visível na estimativa de variação da quantidade produzida ante a área plantada.

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