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Irã se prepara para novas sanções econômicas dos EUA

Os EUA pretendem bloquear as transações financeiras e importações de matérias-primas, além de punir às compras no setor automotivo e de aviação comercial

As sanções americanas vão pesar na economia iraniana, já castigada por uma elevada taxa de desemprego e pela inflação (REUTERS/Fars News/Reuters)
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AFP

Publicado em 6 de agosto de 2018 às 09h45.

O Irã se preparava, nesta segunda-feira (6), para novas sanções dos Estados Unidos , em um contexto de manifestações em várias cidades contra a difícil situação econômica e a corrupção no governo do presidente Hassan Rouhani.

Nos últimos dias, foram registradas manifestações esporádicas em várias cidades, assim como greves, fruto da cada vez maior insatisfação popular com o sistema político.

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Os Estados Unidos, que decidiram se retirar de forma unilateral do acordo sobre o programa nuclear iraniano alcançado em 2015, acentuam essa pressão.

No domingo, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, prometeu "fazer cumprir as sanções, cuja primeira etapa entrará em vigor na terça-feira, a partir das 4h01 GMT (3h01 em Brasília).

Nesta primeira etapa, Washington bloqueará transações financeiras e importações de matérias-primas, além de medidas punitivas às compras no setor automotivo e de aviação comercial.

Em novembro, uma segunda fase de sanções se concentrará no setor de petróleo e gás, assim como no Banco Central.

Essas medidas vão pesar na economia iraniana, já castigada por uma elevada taxa de desemprego e pela inflação. O rial iraniano perdeu quase dois terços de seu valor em seis meses.

Estados Unidos "isolados"

Para limitar o impacto, Rouhani deve apresentar uma série de medidas, em pronunciamento por televisão, nesta segunda-feira à noite (17h15 GMT, 14h15 em Brasília).

Antes dos anúncios de Rouhani, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, afirmou hoje que os líderes dos Estados Unidos, do reino conservador sunita da Arábia Saudita e de Israel estão isolados em sua hostilidade em relação ao Irã.

"O mundo inteiro disse que não apoia a política americana contra o Irã. (...) Fale com quem quiser, em qualquer parte do mundo, e lhe dirão que (o primeiro-ministro israelense Benjamin) Netanyahu, (o presidente dos EUA Donald) Trump e (o príncipe herdeiro saudita Mohamed) bin Salman estão isolados, mas não o Irã", declarou Zarif, segundo a agência ISNA.

No domingo, o governo iraniano anunciou que flexibilizava as medidas para estimular o câmbio. Fechadas em abril passado, as casas de câmbio poderão voltar a abrir suas portas, embora com um controle maior por parte das autoridades.

Também no domingo as autoridades judiciais prenderam o vice-governador do Banco Central, responsável pelo departamento de câmbio, Ahmad Araghshi. Ele é acusado de especulação.

"Pressão máxima"

Estas medidas surgem em meio a uma grande tensão no país. As autoridades impuseram severas restrições à imprensa, motivo pelo qual foi impossível verificar com uma fonte independente a amplitude dos protestos em Karaj, ao oeste de Teerã, um dos epicentros das manifestações e onde jornalistas constataram, no domingo à noite, uma forte presença policial.

O acesso à rede de telefonia celular e à Internet estava interrompido na região.

O acordo sobre o programa nuclear de 2015 precisou de anos de negociações entre Teerã e as potências ocidentais. Tem como objetivo garantir o caráter estritamente pacífico das atividades nucleares da República Islâmica em troca do fim progressivo das sanções econômicas.

Em seu último informe, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) certificou, no final de maio, que o Irã continua cumprindo seus compromissos no âmbito desse acordo.

O presidente americano, Donald Trump, critica o pacto e afirma, reiteradamente, que vai exercer "pressão máxima" contra o Irã.

Na semana passada, Trump surpreendeu, ao afirmar que estava disposto a se reunir com os dirigentes iranianos, apesar de seu conselheiro de segurança nacional, John Bolton, ter-se pronunciado publicamente a favor de uma mudança de regime em Teerã.

Segundo o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, os iranianos estão insatisfeitos com "o fracasso de seus líderes em cumprir as promessas econômicas que haviam sido feitas".

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