Economia

Integrantes do Fed temem elevar juros cedo demais, diz ata

Integrantes do Fed expressaram preocupação com a possibilidade de que elevar os juros cedo demais jogue água fria sobre a recuperação econômica dos EUA

Prédio do Federal Reserve em Washington, Estados Unidos (Gary Cameron/Files/Reuters)

Prédio do Federal Reserve em Washington, Estados Unidos (Gary Cameron/Files/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2015 às 17h17.

WASHINGTON - Integrantes do Federal Reserve reunidos na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) expressaram preocupação com a possibilidade de que elevar os juros cedo demais jogue água fria sobre a recuperação econômica dos Estados Unidos e hesitaram sobre o impacto de descartar o termo "paciente" de seu comunicado.

A ata da reunião realizada em janeiro mostra os integrantes do Fed lutando para conciliar o sólido crescimento econômico dos EUA com a fraqueza nos mercados internacionais, bem como se preocupando com a queda das expectativas de inflação nos Estados Unidos.

As autoridades debateram o impacto das leituras persistentemente baixas de inflação sobre a confiança do banco central em dar início ao aperto monetário.

Eles também ressaltaram como a desaceleração da China e as tensões no Oriente Médio e na Ucrânia representavam riscos à perspectiva de crescimento econômico dos Estados Unidos, de acordo com a ata da última reunião do Fomc, em janeiro.

Desde o início de fevereiro, os rendimentos dos títulos norte-americanos saltaram, movimento que mostrou que investidores estavam ficando mais confortáveis com a expectativa de o Fed elevar os juros em junho, na esteira de indicadores fortes sobre crescimento e emprego.

Os rendimentos dos títulos caíram após a divulgação do documento.

O Fed repetiu em janeiro que seria "paciente" ao decidir quando elevar os juros, atualmente quase zerados, e reconheceu o declínio de certas medidas inflacionárias.

A chair do Fed, Janet Yellen, disse em dezembro que ser "paciente" significa que o Fed não elevará os juros pelo menos nas próximas duas reuniões.

A ata mostra que muitos integrantes do comitê temiam que abandonar a expressão "paciente" - quando chegar a hora - ameaça alterar as expectativas do mercado sobre uma alta de juros a uma "faixa de datas indevidamente estreita".

INFLAÇÃO

A ata divulgada nesta quarta-feira mostra que embora autoridades do Fed concordem sobre o fortalecimento do crescimento econômico dos EUA, o banco central continua a debater quando poderá elevar os juros em meio à queda das expectativas inflacionárias e as turbulências globais.

"Muitos participantes viam a fraqueza contínua das medidas de núcleo da inflação com preocupação", informou a ata, detalhando o debate interno do Fed sobre os sinais conflitantes enviados por medidas diferentes de expectativas de inflação.

Apesar de os integrantes do Fomc esperarem que o recente surto de inflação baixa se mostre transitório, também disseram que diferentes medidas de expectativas inflacionárias "precisavam ser monitoradas atentamente" em busca de sinais de que o público ou investidores estão perdendo fé na capacidade do Fed de atingir a meta de inflação de 2 por cento.

"Ainda há muita ociosidade na economia.... Você tem bancos centrais em todo o mundo reduzindo as taxas de juros. Não acho que o Fed quer ir de encontro a isso", disse o analista-chefe de mercados do Phoenix Financial Services, Wayne Kaufman. "Ele vê que a economia global não está forte o suficiente para que os juros subam".

Integrantes do comitê sustentaram que uma decisão sobre quando elevar os juros continuará dependendo dos indicadores econômicos, mas o momento exato de agir continuava sendo motivo de preocupação.

"Muitos participantes observaram que um aumento prematuro nos juros poderia golpear a recuperação aparentemente sólida da atividade real e das condições do mercado de trabalho, minando o progresso em direção aos objetivos do comitê", segundo a ata.

A ata também mostrou que autoridades do Fed estão debatendo mudanças na utilização de suas ferramentas de política monetária quando começarem a elevar os juros, possivelmente elevando o teto das chamadas compromissadas reversas overnight.

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