Balde de frango do KFC, usado como referência para calcular paridade de poder de compra das moedas africanas (Daniel Acker/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 4 de março de 2016 às 17h18.
São Paulo - A moeda mais sobrevalorizada da África é o kwanza, de Angola, segundo um relatório divulgado recentemente pela consultoria de mercado Sagaci Research, com sede em Nairóbi, Quênia.
A conclusão vem no "Índice KFC", que analisa a paridade de poder de compra no continente usando como referência o preço de um balde com 12 pedaços de frango.
A inspiração é o Índice Big Mac, calculado semestralmente desde 1986 pela revista The Economist. Ele compara os preços do hambúrguer em vários países para ver quais tem moedas valorizadas demais (ou de menos) em relação ao dólar.
Nesse caso, o KFC (Kentucky Friend Chicken) foi escolhido porque é a única rede de fast food presente em 16 países africanos. Estados Unidos, França, Espanha e Reino Unido entram como comparação.
De acordo com a noção de paridade de poder de compra, as taxas de câmbio tendem a caminhar no longo prazo para que um mesmo bem ou serviço - no caso, o Big Mac - fique com o mesmo preço em dólar em qualquer país.
Veja na tabela quais são os países africanos com moedas sobrevalorizadas, por este critério, usando o KFC como referência:
País | Sobrevalorização |
---|---|
Angola | 72% |
Marrocos | 30% |
Zimbábue | 12% |
Nigéria | 8% |
Moçambique | 4% |
Quênia | 1% |
E quais são os países com moedas subvalorizados:
País | Subvalorização |
---|---|
Tanzânia | 13% |
Gana | 15% |
Uganda | 17% |
Maláui | 25% |
Maurício | 27% |
Botsuana | 29% |
Namíbia | 32% |
Egito | 34% |
África do Sul | 48% |
Índice Big Mac
O Brasil caiu da 9ª para a 17ª posição entre os Big Macs relativamente mais caros do mundo, de acordo com a última edição do índice lançada em janeiro.
Nos últimos anos, o real se destacava sempre nos primeiros lugares como uma moeda sobrevalorizada, mas seu ciclo de enfraquecimento em relação ao dólar mudou este cenário.
Em janeiro de 2015, o Brasil estava com o câmbio em R$ 2,59, sobrevalorizado em 8,7%. Em julho, os números já mostravam subvalorização de 10,6%, considerando que um Big Mac de R$ 13,50 saía por US$ 4,28 na cotação de R$ 3,15.
Agora, o real fraco fez o Big Mac brasileiro cair ainda mais na lista. Um sanduíche vendido aqui por R$ 13,50 representa US$ 3,35 com uma cotação de R$ 4,02 (desde então, ela já caiu).
É uma subvalorização de 32%, considerando que um Big Mac custa US$ 4,79 nos Estados Unidos. O primeiro lugar segue com a Suíça, com 30,7% de sobrevalorização.