Economia

Inflação nos EUA se mantém 'alta demais', diz presidente do Fed

Inflação caiu para mais da metade desde que alcançou seu ponto máximo em junho do ano passado

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed) (Agence France-Presse/AFP)

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed) (Agence France-Presse/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 19 de outubro de 2023 às 17h21.

A inflação nos Estados Unidos se mantém alta demais, afirmou, nesta quinta-feira, 19, o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, que não descartou a possibilidade de voltar a elevar as taxas básicas de juros no país.

"A inflação se mantém alta demais e alguns poucos meses de dados positivos são apenas o começo do que será preciso para gerar confiança de que a inflação está caindo de forma sustentável rumo à nossa meta", disse Powell durante uma conferência em Nova York, cujo início teve um breve atraso por causa de manifestantes contra a mudança climática.

A inflação geral, medida segundo o indicador preferido pelo Fed, caiu para mais da metade desde que alcançou seu ponto máximo em junho do ano passado, mas permanece estagnada acima da meta de longo prazo da instituição, de 2%.

As previsões situam a inflação em 3,3% para este ano, 2,5% em 2024 e 2,2% em 2025.

"Ainda não podemos saber por quanto tempo vão persistir estas leituras mais baixas, ou onde a inflação se estabilizará nos próximos trimestres", acrescentou Powell, ressaltando logo em seguida que o Fed agiria "cuidadosamente" em suas decisões.

O índice de preços ao consumo (IPC) nos Estados Unidos, medido em 12 meses, se manteve em 3,7% em setembro, segundo o Departamento do Trabalho, e o registro mensal deste mês mostrou que a inflação se moderou pela primeira vez desde maio, a 0,4% frente a 0,6% em agosto.

"Fazer muito pouco permitiria que a inflação acima da meta se consolidasse. Fazer demais também pode causar danos desnecessários à economia", afirmou.

Aumento na gaveta

Recentemente, o Fed desacelerou sua campanha agressiva de ajuste monetário, que elevou sua taxa básica de juros a um nível máximo em 22 anos, enquanto busca conter a inflação sem empurrar a economia americana para uma recessão.

Em setembro, o BC americano manteve as taxas de juros inalteradas, conforme a expectativa dos mercados, na faixa de 5,25% a 5,50%.

Uma reversão da queda recente na oferta de emprego e um enfraquecimento do crescimento salarial poderiam fazer com que o Fed reconsidere sua atual pausa nas taxas.

Se a economia americana se desenvolve de tal maneira, "poderia colocar em risco maiores avanços em matéria de inflação e poderia justificar um maior endurecimento da política monetária" do Fed, que considerou "restritiva", disse Powell.

Os operadores do mercado de futuros estimam em mais de 95% a probabilidade de o Fed manter as taxas de juros estáveis em 1º de novembro, depois de sua próxima reunião, segundo dados do CME Group.

Powell também ressaltou que "as tensões geopolíticas são muito altas e trazem riscos importantes para a atividade econômica mundial" em referência ao conflito armado entre Israel e Hamas, qualificando de "horripilantes" as ações lançadas pelo movimento islamita palestino contra civis israelenses.

Ele acrescentou que o papel do Fed é monitorar as consequências econômicas eventuais desses acontecimentos.

Diversos analistas expressaram preocupação sobre uma eventual ampliação do conflito Israel-Hamas a nível regional no Oriente Médio, uma região rica em hidrocarbonetos e, por isso, com implicações para a produção de petróleo.

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