Economia

Inflação deve fechar 2017 abaixo do piso da meta pela 1ª vez

O IPCA provavelmente subiu 2,8% no ano passado, de acordo com a mediana de 26 estimativas, a menor taxa para o ano desde 1998

Inflação: o dado pode permitir que o BC mantenha os juros em mínimas históricas (Ricardo Moraes/Reuters)

Inflação: o dado pode permitir que o BC mantenha os juros em mínimas históricas (Ricardo Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de janeiro de 2018 às 16h10.

Última atualização em 9 de janeiro de 2018 às 18h34.

São Paulo - A inflação deve ter encerrado 2017 abaixo do piso da meta pela primeira vez desde o início do regime de metas, permitindo que o Banco Central mantenha os juros em mínimas históricas enquanto a economia ganha vapor, mostrou pesquisa da Reuters divulgada nesta terça-feira.

O IPCA provavelmente subiu 2,80 por cento no ano passado, de acordo com a mediana de 26 estimativas, a menor taxa para o ano desde 1998.

Até a projeção mais alta coloca a inflação abaixo do piso da meta, de 4,5 por cento com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, mesmo quando arredondada para um único dígito após a vírgula.

Se confirmado o resultado, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, terá que escrever uma carta aberta explicando o fracasso em cumprir o objetivo. "O BC pode ter tranquilidade para manter a taxa de juros abaixo do juro neutro para estimular a atividade," disse o economista-chefe do Banco J. Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall.

Ele espera que o BC corte a Selic em 0,25 ponto percentual em fevereiro, a 6,75 por cento, e a mantenha nesse patamar até o fim do ano.

Os juros futuros, no entanto, sugerem que uma minoria importante dos operadores aposta em uma redução adicional de 0,25 ponto em março, cenário que pode ganhar força se a inflação surpreender para baixo em dezembro.

Os dados, que serão publicados na quarta-feira às 9h, devem mostrar ainda que o IPCA subiu 0,30 por cento em dezembro em relação ao mês anterior, mostrou a pesquisa.

A inflação vem sofrendo o impacto de um período mais longo e mais profundo que o esperado de queda dos preços de alimentos, resultado da forte safra agrícola.

A inesperada decisão de cortar as tarifas elétricas no fim do ano também contribuiu para reduzir a pressão, embora muitos analistas esperem que os preços de energia sigam elevados em 2018.

Mas mesmo descontando esses efeitos, a inflação deve ficar contida nos próximos meses diante da queda lenta da taxa de desemprego, que continua nos dois dígitos.

Kawall estima que, descontados os componentes de alimentos e preços regulados, a inflação deve ficar em 3,9 por cento em 2018, ainda abaixo da meta.

Isso sugere que a postura dura do BC no ano passado e promessas de austeridade do governo foram bem-sucedidas em ancorar as expectativas para este ano.

"Isso permite que o BC mantenha os juros em nível baixo não só porque a inflação está fraca, mas também porque o juro neutro caiu", disse Kawall.

Kawall estimou o juro real neutro em cerca de 5 por cento atualmente. Ele ressaltou que a taxa pode recuar ainda mais se medidas fiscais, como a reforma da Previdência, forem aprovadas.

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