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Inflação dependerá do andamento das reformas, aponta Copom

Banco Central também antecipou que a inflação acumulada em 12 meses deve atingir um pico em torno de abril ou maio

Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) foi divulgada nesta terça-feira (Copom/Divulgação)
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Reuters

Publicado em 26 de março de 2019 às 09h14.

Última atualização em 26 de março de 2019 às 09h14.

Brasília - O Banco Central antecipou que a inflação acumulada em 12 meses deve atingir um pico em torno de abril ou maio, para depois recuar para patamar abaixo do centro da meta deste ano, mas ressaltou que a consolidação desse "cenário favorável" depende do andamento das reformas e ajustes na economia brasileira.

Em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira, o BC também jogou mais luz sobre sua leitura para a lenta atividade econômica ao avaliar que os choques sofridos em 2018 produziram impactos cujos efeitos persistem mesmo após cessados seus choques diretos.

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No documento, o BC detalhou que esses choques do ano passado decorreram da greve dos caminhoneiros, pior ambiente externo para emergentes a partir do segundo trimestre e elevada incerteza sobre rumos econômicos do país em meio às eleições.

"Os membros do Copom avaliam que esses choques devem ter reduzido sensivelmente o crescimento que a economia brasileira teria vivenciado na sua ausência", apontou a ata.

"Uma aceleração do ritmo de retomada da economia para patamares mais robustos dependerá da diminuição das incertezas em relação à aprovação e implementação das reformas - notadamente as de natureza fiscal - e ajustes de que a economia brasileira necessita", completou o BC.

Com isso, a autoridade monetária reforçou mais uma vez a necessidade de mudanças estruturais na dinâmica das contas públicas, num momento em que embates públicos sobre a articulação para a reforma da Previdência têm levantado preocupações quanto à sua aprovação.

Na semana passada, o BC manteve a taxa de juros no seu piso histórico de 6,5 por cento e indicou que, diante da retomada econômica aquém das expectativas, o balanço de riscos para a inflação ficou simétrico, com pesos iguais tanto para cima quanto para baixo.

A decisão, a primeira com Roberto Campos Neto no comando da autoridade monetária, tirou o impedimento explícito que o BC vinha apontando para possivelmente diminuir os juros à frente.

Isso porque o risco de o nível de ociosidade na economia produzir perspectiva de inflação abaixo do esperado se equiparou ao peso dos riscos que, na visão do BC, podem pressionar a inflação para cima -- estes últimos ligados à eventual frustração sobre a continuidade das reformas econômicas e deterioração do cenário externo para países emergentes.

Mas o Copom já havia assinalado que seguiria atento ao desenrolar da atividade econômica para a decisão de seus próximos passos na condução da política monetária, num processo que tomará tempo. O tom foi reiterado nesta terça-feira, com o BC voltando a dizer que isso será feito ao longo do tempo, numa análise com menor grau de incerteza e livre dos efeitos dos diversos choques do ano passado.

Na ata, os membros do Copom confirmaram o arrefecimento da atividade no quarto trimestre de 2018.

Em outra frente, eles ponderaram que a queda nas projeções de mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano refletem o nível mais baixo para o PIB ao fim de 2018, sob efeito do chamado "carregamento estatístico", além de indicadores preliminares disponíveis para os primeiros meses deste trimestre.

"Não obstante essas revisões, as projeções para o crescimento do PIB na margem - ou seja, do primeiro ou segundo trimestres em diante, em relação aos trimestres anteriores - não sofreram alterações relevantes. Essa dinâmica é consistente com o cenário básico do Copom, de recuperação da economia brasileira em ritmo gradual", afirmou o BC.

Apesar de a Selic estar estacionada há um ano no mesmo patamar, a economia vem mostrando dificuldades para ganhar fôlego, em meio à alta ociosidade das empresas e incertezas sobre a situação fiscal do país.

A inflação, por sua vez, segue em níveis confortáveis, cenário que vem embasando tanto apostas de aperto monetário mais demorado e suave à frente quanto de eventual corte nos juros para dar impulso à atividade.

Em pesquisa Focus mais recente, economistas reduziram pela segunda vez seguida a expectativa para a taxa básica de juros no final de 2020, a 7,50 por cento, de 7,75 por cento previstos antes. Para este ano, a estimativa segue sendo de 6,50 por cento.

Já para o Produto Interno Bruto (PIB), a projeção de expansão caiu a 2,0 por cento para 2019 e 2,78 por cento para o ano que vem.

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