Economia

Inflação de novembro sobe para 0,51%

Inflação mensal medida pelo IPCA subiu para 0,51%, segundo o IBGE, menos que o previsto pelos economistas


	Preços em supermercado: Dilma Rousseff disse que o controle da inflação será “rigoroso”
 (Getty Images)

Preços em supermercado: Dilma Rousseff disse que o controle da inflação será “rigoroso” (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2014 às 19h57.

Rio de Janeiro - Enquanto o Banco Central dá continuidade à política de elevação das taxas de juros no Brasil, maior mercado emergente do mundo depois da China, a inflação de novembro subiu menos que o previsto pelos economistas.

A inflação mensal medida pelo índice de referência IPCA subiu para 0,51 por cento, contra 0,42 por cento em outubro, disse o IBGE hoje no Rio de Janeiro.

O resultado contrasta com a mediana das estimativas de incremento de 0,54 por cento de 38 economistas consultados pela Bloomberg. A inflação anual desacelerou para 6,56 por cento, contra 6,59 por cento um mês antes.

Nesta semana, o Comitê de Política Monetária do BC, conhecido como Copom, elevou a taxa Selic para o nível mais alto em três anos porque a inflação, que superou o teto da faixa-meta estabelecida pelo banco cinco vezes em 2014, está prejudicando o poder de compra e a confiança antes da temporada de compras de Natal.

A presidente Dilma Rousseff disse que o controle da inflação será “rigoroso” em seu segundo mandato, que começa em janeiro.

“A grande questão aqui é que não há muito nesses dados que mude a visão de que as taxas de juros subirão mais”, disse Neil Shearing, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, por telefone, de Londres. “Da mesma forma, eu não acredito que haja muito nos dados para mudar a visão do Copom de que os aumentos da taxa de juros devem vir com moderação”.

"Evolução"

Os preços dos alimentos e das bebidas subiram 0,77 por cento em novembro, após um aumento de 0,46 por cento em outubro, disse o IBGE em um relatório hoje.

Os custos com habitação subiram 0,69 por cento, acima do total de 0,68 por cento do mês anterior. O preço dos artigos de residência caiu 0,04 por cento, contra um aumento de 0,19 por cento no mês anterior.

“Não há um setor individual que tenha se destacado por puxar a inflação, o que é uma evolução”, disse Daniel Snowden, analista de mercados emergentes da Informa Global Markets, por telefone, de Londres. “Se você tem um problema pontual em algum lugar, a inflação pode contabilizá-lo. O fato de nenhum elemento ser responsável pelo movimento de queda da inflação anual é um sinal positivo”.

Aumento da Selic

No dia 3 de dezembro o Copom elevou a Selic em meio ponto, para 11,75 por cento. Na reunião anterior do banco, em outubro, o comitê havia dado fim a uma pausa de cinco meses com um incremento de 0,25 por cento da taxa de juros.

A decisão de ontem do BC foi unânime e igualou a estimativa média dos economistas consultados pela Bloomberg. Em seu comunicado, o Copom sinalizou que os futuros aumentos poderão ser menores.

“Considerando os efeitos cumulativos e defasados da política monetária, entre outros fatores, o comitê avalia que o esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia”, disse o BC, no comunicado que acompanhou a decisão. O banco visa a uma inflação de 4,5 por cento, com uma margem de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

Se a inflação continuar seu caminho de queda, o BC poderá reduzir o ritmo do aperto monetário em sua reunião de fevereiro, disse Snowden, da Informa.

Os preços regulados de itens como gasolina e eletricidade subiram 5,83 por cento no período de 12 meses até novembro, contra 5,57 por cento no período de um ano até outubro, disse o IBGE.

Queda da confiança

Os aumentos de preços contribuíram com a queda da confiança do consumidor, que em novembro atingiu seu nível mais baixo em mais de cinco anos, segundo a Fundação Getúlio Vargas.

Juntamente com o declínio do sentimento, o gasto do consumidor teve uma contração em dois dos últimos três trimestres e permaneceu estável no terceiro. A economia brasileira saiu da recessão no terceiro trimestre com um crescimento de 0,1 por cento.

A economia está passando por um momento de “transição” impulsionado pelos preços mais baixos das commodities e a nova equipe econômica, incluindo o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, introduzirá medidas de forma gradual para estimular o crescimento, disse Dilma em uma carta enviada no dia 2 de dezembro aos participantes da Brazil Opportunities Conference, realizada pelo JPMorgan Chase Co. em São Paulo.

Levy prometeu impor uma disciplina fiscal mais rigorosa para reduzir o déficit orçamentário, que mais do que dobrou desde 2012 e equivalia a 5 por cento do produto interno bruto em outubro.

Os economistas consultados pelo BC no dia 28 de novembro previram que a inflação cairia para 6,43 por cento em dezembro. Se confirmado, o resultado seria o maior de um final de ano desde 2011. Eles também reduziram sua projeção para o PIB para 0,19 por cento, que seria o pior desempenho desde a recessão de 2009.

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