Economia

Indústria teme gastar US$1 bi com fim de incentivo ao gás

Segundo Firjan, companhias terão que pagar pelo menos 1 bilhão de dólares por ano a mais pelo gás natural que consomem


	Tanques de armazenagem de gás natural da Petrobras, na Baia do Guanabara
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Tanques de armazenagem de gás natural da Petrobras, na Baia do Guanabara (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2014 às 17h55.

Rio de Janeiro - As indústrias brasileiras terão que pagar pelo menos 1 bilhão de dólares por ano a mais pelo gás natural que consomem caso a Petrobras retire totalmente descontos concedidos ao combustível no mercado doméstico desde 2011, segundo estimativa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Desde setembro do ano passado até agora, a Petrobras já reajustou em 6,5 por cento o preço médio do gás natural nacional para uso não termelétrico, segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).

Os reajustes ocorrem depois de a Petrobras ter adotado, em 2011, uma política de incentivo ao consumo do gás produzido no país que, ao dar descontos nos contratos de venda às distribuidoras, evitava a escalada de preços do combustível.

"Esse incentivo é tão crucial que mesmo com ele o preço já é muito alto", disse à Reuters o gerente de competitividade industrial e investimentos do Sistema Firjan, Cristiano Prado.

O especialista destacou que o preço médio do gás natural consumido pela indústria brasileira em maio foi de 17,45 dólares por milhão de BTU (sigla em inglês para unidade térmica britânica), enquanto que nos Estados Unidos o preço era quase 70 por cento mais baixo, a 5,62 dólares.

A alta do insumo no Brasil ocorre em um momento em que ausência de reajustes dos preços do diesel e da gasolina pressiona fortemente os resultados financeiros da Petrobras.

O cenário aumenta o temor da indústria de que a estatal faça uma retirada completa dos descontos.

"Se tirasse todo o desconto, passaria de 17,45 dólares para 20,37 dólares por milhão de BTU", disse o especialista.

Para fazer os cálculos de impacto nas compras de gás pela indústria, o especialista multiplicou essa possível alta pela quantidade total de gás consumido pela indústria em 2013.

O preço do gás vendido pela Petrobras às distribuidoras é menos da metade do que chega às indústrias, que sofre a incidência de tributos (de cerca de 22 por cento), além do custo de transporte, sem falar da margem das intermediárias.

"A gente tem travado diálogo com governo federal para desenvolver medidas que permitam um gás mais barato", disse Prado.

Segundo o especialista, as reivindicações incluem redução tributária e mais transparência no cálculo tarifário.

O preço do gás para uso não termelétrico vendido pela Petrobras teve reajuste médio de 1,57 por cento na última sexta-feira, segundo a Abegás.

Embora a estatal não tenha confirmado o percentual daquele reajuste, ela reconheceu o total de aumento dos preços de cerca de 6,5 por cento desde o início da concessão dos descontos.

Questionada hoje se a empresa prevê a retirada completa dos incentivos e em que período, a empresa não respondeu imediatamente à reportagem.

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