Indústria perde o fôlego em abril

As vendas reais da indústria paulista caíram 6,1% em abril em relação ao mês anterior, bem como as horas trabalhadas na produção (-3,6%). Por outro lado, comparando os quatro primeiros meses de 2004 com o mesmo período do ano passado, houve avanço de 19,1% e 4,3%, respectivamente. Esses resultados, divulgado hoje (26/5) pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), se justificam no fato de a base de comparação ser muito fraca. Entre janeiro e abril do ano passado, a economia ainda vivia os efeitos da tensão eleitoral que acometeu o mercado financeiro em 2002.

Ainda assim, o diretor de pesquisas da entidade, Claudio Vaz, aponta o que considera sintomas de recuperação no mercado interno, ainda que desigual. Mostraram vitalidade, segundo Vaz, os setores beneficiados pela ampliação do crédito para pessoa física. Entre janeiro e março deste ano, por exemplo, as vendas reais dos produtos de linha marrom  (bens de áudio e vídeo, como TVs e DVDs) cresceram 68,1%, em relação a mesmo período do ano passado.

A melhora, no entanto, ainda não convence, mesmo com o crescimento de 7,8% do salário real médio do trabalhador da indústria paulista, comparando o primeiro quadrimestre de 2004 com os quatro primeiros meses de 2003. "Se considerarmos a queda do salário médio dos trabalhadores divulgada ontem pelo IBGE, de 3,5%, a melhora não vai se consolidar", afirmou Vaz. "Não será pela venda a crédito que teremos um aumento de consumo e de produção."