Economia

Indústria de móveis espera exportar US$ 630 mi em 2003

A indústria brasileira de móveis exportou 535 milhões de dólares em 2002 e pelo menos um terço deste montante saiu da região de São Bento do Sul, município catarinense de 70 mil habitantes. Situado dentro de um grande enclave florestal a menos de 200 quilômetros dos principais portos do estado, São Bento lidera um cluster […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

A indústria brasileira de móveis exportou 535 milhões de dólares em 2002 e pelo menos um terço deste montante saiu da região de São Bento do Sul, município catarinense de 70 mil habitantes. Situado dentro de um grande enclave florestal a menos de 200 quilômetros dos principais portos do estado, São Bento lidera um cluster - região especializada na fabricação de produtos destinados à exportação. Dois terços da economia desta região vêm da indústria de móveis de madeira que que exporta mais da metade do que produz.

Mais do que tradição na manufatura da madeira, esta região - São Bento do Sul e as vizinhas Rio Negrinho e Campo Alegre - tem vocação para exportar. Colonizada por imigrantes alemães, começou atendendo ao mercado regional na primeira metade do século XX, adquiriu alcance nacional nos anos 70 e se tornou o principal pólo de referência da qualidade dos móveis exportados pelo Brasil nos últimos anos. Foi em São Bento, de fato, que se iniciou o atual e bem-sucedido esforço para agregar valor às exportações de madeira, a mercadoria mais antiga da pauta comercial brasileira. No ano passado, o Brasil faturou 4,3 bilhões de dólares com a exportação de produtos de origem florestal (madeira serrada, celulose, papel, material de construção e móveis).

Os móveis são a mercadoria mais nobre da cadeia de produção iniciada com o plantio de florestas. "Com a agregação de valor aos móveis, nós geramos 8,5 vezes mais divisas do que o Brasil obtém com a exportação de madeira verde (tábuas) - atualmente cerca de 120 dólares por metro cúbico", diz Álvaro Weiss, presidente da Artefama, uma das mais antigas exportadoras de móveis de São Bento do Sul e que faturou 22 milhões de dólares em 2002. Fundada no final da década de 40, a empresa começou exportando porta-jóias e quadros. Hoje manda para o exterior 100% de sua produção, com destaque para os dormitórios de pinus, madeira oriunda de florestas plantadas e, portanto, isenta de restrições ambientais nos países importadores.

Mesmo submetidas a imposições que também fazem parte da rotina dos pólos exportadores de calçados de Franca (SP) e Novo Hamburgo (RS), as empresas de São Bento do Sul desenvolveram uma cultura de exportação, com intenso intercâmbio com os mercados importadores, treinamento obsessivo de mão-de-obra nas próprias fábricas e parcerias criativas com fornecedores (principalmente de madeiras e tintas, que mantêm técnicos dentro das indústrias de móveis e laboratórios na cidade). A resposta comercial a esses esforços transparece nos números. Em 1990, o Brasil exportou 39,7 milhões de dólares em móveis. Para este ano, são esperados 630 milhões de dólares. A previsão é chegar a 1 bilhão de dólares em quatro anos, igualando o México. No longo prazo, a meta é encostar na Itália, que lidera as exportações do setor com um design admirável e o fornecimento das máquinas mais usadas pelas indústrias de móveis do mundo.

Apesar de depender de equipamentos importados e de desenhos fornecidos pelos clientes, o Brasil tem os dois principais ingredientes para chegar lá: a disponibilidade de matérias-primas (madeira, couro, tecidos, vidros e pedras) e o baixo custo da mão-de-obra, só superado pela China. Começamos com 120 empresas e hoje trabalhamos com 600 empresas em 13 pólos espalhados pelo Brasil , afirma Pedro Paulo Pamplona, secretário-executivo do Promovel, criado em 1998 pela Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimovel) para dinamizar a exportação de móveis.

No ano passado, mesmo tendo perdido o mercado argentino (cujas importações de móveis caíram de 60 milhões de dólares para 5 milhões), as indústrias brasileiras avançaram em outros mercados, alcançando 108 países, com destaque para os Estados Unidos, Inglaterra, México, Japão e países do Golfo Pérsico. Entre os novos exportadores destacam-se empresas antigas como a Bergamo, de São Paulo, e a Rudnick, de São Bento do Sul, até aqui mais voltadas para o mercado interno.

Este ano, por exigência da Apex, que subsidia 50% dos seus custos, o Promovel transferiu sua base operacional de São Bento para São Paulo, num esforço para dar uma dimensão nacional à experiência catarinense.

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