Economia

Indústria de carne prevê reduzir consumo de milho em 3%

Os preços do milho atingiram um recorde histórico em meados deste ano, após fortes exportações e em meio a uma quebra de safra no Centro-Oeste


	Milho: "Para os dois setores, entretanto, é indispensável que seja viabilizada a importação de milho dos EUA para o Brasil"
 (Cristiano Mariz/EXAME/Exame)

Milho: "Para os dois setores, entretanto, é indispensável que seja viabilizada a importação de milho dos EUA para o Brasil" (Cristiano Mariz/EXAME/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2016 às 21h41.

São Paulo - O consumo de milho pelo setor de carnes de aves e suínos do Brasil deverá ficar 1 milhão de toneladas abaixo do previsto inicialmente para 2016, de 32,4 milhões de toneladas do grão, estimou nesta terça-feira a associação que reúne as grandes indústrias do país.

O ajuste de cerca de 3 por cento na demanda por milho --principal ingrediente da ração usada nas granjas-- é reflexo de uma desaceleração na atividade produtiva neste segundo semestre, em meio a uma crise de custos provocada principalmente por escassez do cereal, disse a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Os preços do milho atingiram um recorde histórico em meados deste ano, após fortes exportações em meses anteriores e em meio a uma quebra de safra no Centro-Oeste.

Uma projeção publicada pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) em maio apontava para um consumo de 21,5 milhões de toneladas de milho para a produção de carne de frango e 10,9 milhões de toneladas para o setor de suínos em 2016.

Segundo a ABPA, essa estimativa não deverá se concretizar.

"Após a desaceleração da produção de carne de frango e de carne suína, detectada com base em acompanhamento realizado junto às agroindústrias do setor... houve uma redução da pressão sobre o cenário de abastecimento de milho para as duas cadeias produtivas, a partir do início do segundo semestre", disse a ABPA em nota.

Em julho a ABPA estimou que a produção de carne de frango no país este ano deverá cair para 13 milhões de toneladas, ante 13,14 milhões em 2015 e 13,5 milhões da previsão inicial para 2016, devido à crise de abastecimento de milho.

Vivendo situação de margens apertadas semelhantes às do setor de frango, o setor de suínos deverá produzir 3,64 milhões de toneladas desse tipo de carne em 2016, estável ante 2015. Anteriormente, a previsão era de alta para 3,76 milhões de toneladas produzidas.

"Esta perspectiva parte das estratégias adotadas por diversas empresas para diminuir o ritmo da produção – como a suspensão de turnos de trabalho, encerramento de atividades de plantas e outras decisões no âmbito produtivo", destacou a associação.

A entidade --que reúne indústrias como JBS e BRF-- repetiu, no entanto, que continua sendo necessária a aprovação das importações de milho norte-americano para o Brasil.

"Para os dois setores, entretanto, é indispensável que seja viabilizada a importação de milho dos Estados Unidos para o Brasil. Com isto, a escassez que enfrentamos no primeiro semestre não deverá se repetir", disse o presidente da ABPA, Francisco Turra.

Apesar de uma recente isenção de tarifa de importação, as compras dos Estados Unidos ainda não ocorrem porque os agricultores norte-americanos cultivam variedades de milho transgênico que ainda não são aprovadas no território brasileiro.

A expectativa da indústria brasileira é que essas variedades sejam totalmente liberadas para a produção de ração em uma reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) agendada para a primeira semana de outubro.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoAlimentos processadosBRFCarnes e derivadosCommoditiesEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasIndústriaJBSMilhoSadia

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor